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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

HAJA DESCARAMENTO: "Seria Curioso demitir-me por um PEQUENO incidente" - Carlos Costa governador do Banco de Portugal


O título do Expresso deste fim-de-semana é revelador da desfaçatez e da total falta de vergonha do actual governador do Banco de Portugal.

Para o homem, os casos BES e Banif são "pequenos incidentes".

Esses "pequenos incidentes", provocados pela total incompetência (para não dizer outra coisa pior) do actual governador do BdP já custaram ao erário público milhares de milhões de euros, fora o que ainda está para vir.

Para quem tem garantida uma indemnização milionária caso seja despedido (por justa causa, com devia ser) e uma reforma milionária paga como "recompensa" pela sua incompetência, é preciso muito desplante para uma afirmação dessas.

...e certa comunicação social, como de costume, serve de "rapa fundos" à incompetência dessa gente paga principescamente !!!

Óscares 2016 : DiCaprio...finalmente!!!

Óscares 2016 (clicar no site do Público para ver mais notícias sobre os óscares de 2016).

...e o tempo que levou para aqui chegar:

(Fonte : Liberation)




sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

ONTEM FOI UM DIA MAU PARA A DIREITA RADICAL NEOLIBERAL "PAFISTA" E PARA OS SEUS COMENTADORES DE SERVIÇO NA SIC NOTÍCIAS:Moody’s elogia aprovação do OE: “Elimina risco de eleições antecipadas”

Ontem foi um dia mau para a a retórica "austeritária" da direita radical neoliberal dos "pafistas".

Ontem foi também um dia mau para a retórica "anti-orçamento" dos comentadores de serviço a essa ideologia "austeritária", acoitados na comunicação social televisiva, com destaque para a SIC.

Foi azar, porque na véspera a Sic Notícias tinha tirado a noite para arrasar o "orçamento de esquerda" (com a rara excepção de António José Teixeira e Nicolau Santos, dois dos poucos comentadores de serviço nas televisões, com honestidade intelectual).

Claro que este "orçamento" não é o que idealizo para este país, tem fragilidades e imperfeições, mas, em parte, essas fragilidades, imperfeições e contradições devem-se mais às exigências de Bruxelas e da ideologia "pafista" que por lá domina ( e que por lá andou a envenenar o ambiente, como se sabe agora) do que à vontade da maioria governamental.

Claro também que, para mim, as agências de rating não me merecem qualquer credibilidade ou respeito, são organizações mafiosas que sobrevivem á custa da especulação criminosa do mundo financeiro.

Mas para o mundo "pafista", esta notícia tem o mesmo peso e provoca o mesmo abalo nas suas convicções "austeritárias" que causaria uma advertência de Hitler a um comandante das SS, que fosse criticado por tratar mal um judeu...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Miguel Relvas, , Passos Coelho, Carlos Costa, Dias Loureiro, José Luís Arnaut, Francisco Nogueira Pinto, BPN, Efisa, Tecnofarma...e o que mais se verá...mas está "tudo legal!!!"

Passos Coelho anda por aí a passear-se, comportando-se como virgem ofendida e como se ainda fosse primeiro-ministro(Portas, por sua vez, procura não dar muito nas vistas, desde que no outro dia, de relance, foi divulgada uma notícia sobre o seu envolvimento nos obscuros negócios dos "Panduro"...).

O insuspeito comentador de direita João Miguel Tavares, na crónica, que transcrevemos em baixo, vem recordar as ligações suspeitas de Passos Coelho com o mundo das negociatas, a propósito do caso (mais um) do banco (??) Efisa, com ligações ao amigo ( e mentor) de sempre de Coelho, o "insuspeito" Miguel Relvas.

João Miguel Tavares veste a pele de jornalista e mostra como esse caso é mais que suspeito e merece que se esteja atento ao seu desenvolvimento:

"Miguel Relvas, o Efisa e a selva

Por JOÃO MIGUEL TAVARES , in Público de 16/02/2016 .

“Pedro Passos Coelho foi entrevistado no fim-de-semana [13 de Fevereiro] pelo Jornal de Notícias, e quando questionado acerca da venda do banco Efisa a uma sociedade com ligações a Miguel Relvas, respondeu: “Isso é um não-assunto.” Ora, se o ex-primeiro-ministro considera o tema um “não-assunto”, eu considero meu dever esclarecer-lhe porque é que o Efisa não só é um assunto, como é um assunto muito feio.

“Nos últimos dois anos, o Estado, através da Parparticipadas – sociedade anónima criada em 2010 para gerir o processo de reprivatização do BPN –, injectou 90 milhões de euros no Efisa. A última injecção, de 12,5 milhões, foi feita em Janeiro, antes da venda do antigo banco de investimento do BPN à Pivot SGPS. Essa venda terá sido realizada por um valor a rondar os 38 milhões de euros. Segundo o Tribunal de Contas, o preço do BPN para os contribuintes já vai em 2,7 mil milhões, estimando-se que o buraco possa derrapar até aos 5,5 mil milhões.

“O Efisa, como explicou ao Diário Económico o fundador e accionista da Pivot Ricardo Santos Silva, possui um trunfo precioso numa época em que se tornou bem mais difícil criar bancos: “uma licença bancária universal, que abre muitas oportunidades”. Oh, se abre – e quando cheira a oportunidades, logo surge Miguel Relvas e o seu oportuno nariz.

“Já depois de acordada a venda do Efisa, os jornais deram conta da entrada no capital da Pivot de um pequeno grupo de accionistas, entre os quais Relvas. Miguel Relvas, destacado ex-ministro do Estado, surge a fazer negócios com o Estado, para a compra de um banco. Mais. O actual presidente do veículo estatal Parparticipadas, que vendeu o Efisa à Pivot SGPS, chama-se Francisco Nogueira Leite. O mesmo Francisco Nogueira Leite que trabalhou com Pedro Passos Coelho na administração da Tecnoforma. A mesma Tecnoforma que em 2004 usou e abusou de fundos comunitários geridos pelo então secretário de Estado da Administração Local Miguel Relvas.

“E o não-assunto não fica por aqui. Miguel Relvas já havia trabalhado para o Efisa em 2007, prestando consultadoria ao banco no Brasil, numa altura em que era deputado do PSD e líder da Comissão das Obras Públicas. Tudo legal, claro. Até porque, em 2011, Relvas garantiu ao PÚBLICO que nunca recebeu “um cêntimo da Efisa”. Claro que não recebeu. Ele apenas recebeu da empresa Kapakonsult, da qual era administrador, e que na sua curta existência teve um único cliente: o banco de negócios do BPN, Efisa. Vamos então resumir. Relvas trabalhou para um banco que faliu. Trabalhou para o governo que geriu a falência desse banco. E agora recupera o banco devidamente recapitalizado pelo governo de que fez parte – não se está mesmo a ver que isto é um “não-assunto”?


“Uma achega final. Há quem recorde o papel de Dias Loureiro no BPN e garanta haver mãozinha sua neste negócio. A mim parece-me mera insinuação, fruto de más línguas. Estou certo que desde que o então ministro Miguel Relvas passou o réveillon de 2012 para 2013 no Copacabana Palace na companhia de José Luís Arnaut e Manuel Dias Loureiro, eles nunca mais voltaram a ver-se. Portanto, só resta à autoridade de supervisão apressar-se a conceder a idoneidade a Miguel Relvas, para que possa exercer com o garbo e a competência reconhecidas a profissão de banqueiro. Depois, é só enviar essa informação para Bruxelas, devidamente assinada por Carlos Costa, Governador do Banco da República das Bananas Anteriormente Conhecida como Portugal”.

Presos à Liberdade - ( 4 entrevistas a antigos presos políticos torrienses)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O Respigo da Semana : O neoliberalismo das instituições europeias faz mal à saúde


"Impostos e gordura



"O neoliberalismo tem-se relacionado com o aumento da obesidade. O neoliberalismo faz mal à saúde. Isto anda mesmo tudo ligado.


  • "Tanto o Estado Social como o Estado Austeritário baseiam a sua estrutura económico-financeira sobre os impostos. O que se tem que analisar é de quem tiram e para onde tiram. E em qual dos conceitos é que se baseia o poder instalado em Bruxelas e nos “mercados”, quando tomam a nova solução governamental portuguesa como um inimigo a perseguir, tanto mais quanto pode ser um mau exemplo.

  • "O fundamento do Estado Social estabelecido na Europa depois da II Guerra Mundial, pelo qual lutaram trabalhadores e o Partido Trabalhista na Grã-Bretanha e os Partidos Socialistas e Sociais-Democratas do Norte europeu, consiste numa forma de redistribuição do rendimento em que se vai buscar impostos a um lado, para tornar possível um Orçamento de Estado disponível para uma estrutura social com saúde e ensino universais e gratuitos e uma segurança social assegurada. É uma estrutura da sociedade que não é revolucionária, nem socialista, nem aspira ao comunismo. É uma forma de compensar as desigualdades de nascimento, de família, de habitação, que são de base no sistema capitalista em que vivemos. É esta coincidência de propósito dos programas dos quatros partidos em acordo parlamentar, embora com modos e tempos muito diferentes, que julgo estar na base da governação possível. Mas a ordem mundial não está para Estados Sociais. Após as turbulências dos anos sessenta e setenta do século XX, Margaret Thatcher em 1979 e Ronald Reagan em 1980 iniciaram o contraciclo que se mantém triunfante. Não é preciso detalhes para descrever os efeitos do reino da Wall Street e da City, dos “mercados”, da concorrência, do individualismo, para a vida quotidiana, o desemprego, a pobreza, a ansiedade das pessoas. Triunfou o aprofundamento das desigualdades, no mundo e em cada país. A realidade está aí. A União Europeia, que era um sonho do pós-guerra que não foi cumprido, teve a mesma evolução. As suas estruturas e actores de topo estão lá como guardiães de um mundo, que não vive para os seres humanos, mas sim para as mercadorias, sendo que a mercadoria-dinheiro já não tem presença física, é virtual. Mas é poder. Somos portanto governados à distância. Com o governo austeritário, os impostos passaram a ter um grande peso sobre o rendimento do trabalho, as pensões, as reformas, os funcionários públicos. Os cortes foram feitos nos serviços de Saúde e na Educação. E serviram para pagar os juros da “dívida”, para diminuir o “défice” (calculados como e quando?). Isto é, o circuito fez-se ao contrário do da redistribuição social – tirou-se aos pobres e “remediados”, que passaram a pobres. E deu-se a um poder mundial sem rosto.

  • "E é esta a ordem das coisas em Bruxelas, mesmo que haja contradições e alguns executores sejam “socialistas”. Para a população, os impostos e os cobradores de impostos passaram a ser o inimigo e desconfia cada vez mais do Estado, grande parte não percebendo que a Saúde, a Educação e os seus agentes também são Estado.

  • "Com esta lógica, as propostas da nova governação à esquerda só podem ser combatidas pelo poder centrado em Bruxelas. Este Orçamento repõe os salários dos funcionários públicos e alivia reformados e pensionistas. Aumenta o salário mínimo nacional. Dá um pouco mais para a investigação em Ciência e Tecnologia e para o Ensino Superior, após os grandes cortes anteriores. Em contrapartida taxa mais a banca e os Fundos Imobiliários, que estavam muito aliviados de impostos. E taxa um pouco as transacções financeiras, as tais que custam tanto quanto carregar num botão. Aumenta as taxas sobre os automóveis e os combustíveis (que beneficiam da descida do preço do petróleo) que são taxas ecológicas e sobre o álcool e o tabaco que são impostos a favor da saúde. É pena não terem logo metido a taxação sobre as bebidas açucaradas, medida que já foi tomada em vários países, com reflexos sobre o seu consumo e sobre a prevenção da obesidade infanto-juvenil. Neste caso, como no do tabaco e no código da estrada, não se vai lá com “educação”. Vai-se com legislação. Este Orçamento de facto aumentou alguns impostos, mas tirou de um lado para pôr no outro, ou seja do lado do trabalho e dos mais desprotegidos. Tentou fazer o circuito de redistribuição ao contrário do Governo anterior. Por isso sofre a perseguição de Bruxelas e Schäuble e Dombrovskis têm a lata de falar publica e autoritariamente contra o orçamento português, eles também “como donos disto tudo”. E quanto a alguma comunicação social portuguesa, particularmente alguns canais de televisão, age como inimiga declarada do governo, como delegada da ordem das coisas dominante. Faz parte também desta perseguição que os “mercados” tenham subido os juros, só para assustar.

  • "E quanto a “gorduras do Estado” cada um fala das que quer e tenhamos esperança que a actual Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa tosquie a burocracia e a compra de assessorias externas que são a grande gordura intra-abdominal, a que faz mal à saúde.

  • "E a propósito de gordura: cada vez há mais investigação relacionando a economia com a epidemia de obesidade nos países desenvolvidos. O neoliberalismo tem-se relacionado com o aumento da obesidade. Na Grã-Bretanha a obesidade passou para o dobro em 20 anos. Nos Estados Unidos tem crescido como se sabe. Para esta análise o National Bureau of Economic Research nos EUA construiu um modelo de cálculo com 27 variáveis sociais e concluiu que elas explicam 37 por cento do aumento do Índice de Massa Corporal, 42% da obesidade total e 59 por cento dos seus Graus II e III. O neoliberalismo faz mal à saúde. Isto anda mesmo tudo ligado".


  • Médica, Professora da Faculdade de Medicina de Lisboa

Umberto Eco e o mundo da Banda Desenhada

BêDêZine: Morreu Umberto Eco, um "companheiro de estrada" da BD...: Falecido no passado fim-de-semana, Umberto Eco, conhecido pensador contemporâneo e romancista, teve o mérito de ter levado a Banda Desenhada para a Universidade...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A "geringonça" afinal funciona e vale a pena bater o pé a Bruxelas: Orçamento para 2016 aprovado por Bruxelas

A "guerra" não está ganha, mas Portugal e os portugueses venceram uma importante batalha.

Afinal vale a pena fazer valer os interesses de Portugal junto dos burocratas de Bruxelas.

Afinal a "geringonça" funciona.

Afinal é possivel termos um governo que nos defende em vez de fazer o papel de capataz e carrasco.

Gostava de ver a cara dos comentadores de serviço e dos homens do "PAF"...

Orçamento para 2016 aprovado por Bruxelas(clicar para ler)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Pagar a "fragilidade" da Banca fragilizando trabalhadores e pensionistas?

Para grande espanto meu (ou talvez não!!!?) ouvi esta manhã uma conhecida comentadora residente da comunicação social de "referência", jornalista destacada num jornal económico financiado pela banca e pelo sector financeiro, defender esta mesma banca da intenção do governo, através do orçamento de Estado, em fazer o sector pagar parte da austeridade exigida pelos burocratas de Bruxelas (a mesma "Bruxelas", que impôs a negociata do Banif, em benefício do Santander sem se preocupar com o facto de os contribuintes portugueses terem de pagar mais de dois mil milhões pela negociata, mas está muito preocupada com a diferença de 500 milhões no orçamento.....!!!!).

O principal argumento dessa conhecida comentadora, defensora da austeridade, em defesa da banca é o de que esta está"fragilizada"!!!!

Até hoje, que me lembre, nunca ouvi essa comentadora, ou outros da sua corrente, preocupar-se com a fragilidade daqueles que viram os seus salários ou pensões cortados, com aqueles que perderam o seu posto de trabalho, ou o viram reduzido à precaridade mal paga ou com aqueles que empobreceram drásticamente,  tudo em nome do modelo "austeritário", por ela regularmente defendido, que foi aplicado para "salvar" o seu querido sector bancário.

Falar da "fragilidade" do sector bancário parece-me algo exagerado. Apesar da "crise" (uma crise inventada para destruir direitos sociais e reduzir o rendimento do trabalho), a banca tem continuado a ser dos poucos sectores que regista lucros fabulosos, que garante aos seus accionistas rendimentos especulativos fabulosos, paga salários escandalosamente altos aos seus gestores de topo  e garante as maiores reformas, que conseguiu recentemente que passassem a ser pagas pelo Estado ( a maior parte destes reformados de luxo engrossam o grupo de 7 mil e quinhentos pensionistas que recebem mais de 5 mil euros mensais, custando, na sua totalidade, mais de 500 milhões de euros anuais ao Estado, a mesma quantia que Bruxelas exige que seja garantido no orçamento deste ano à custa de mais austeridade...!!!!).

E quando de facto algo corre mal à banca, como aconteceu com o BPN, BPP, BES e BANIF, cá estão os contribuintes e o "Estado" ( que eles tanto abominam) para pagar a factura das suas "fragilidades", mesmo que para isso se tenha de fragilizar ainda mais a vida dos cidadãos à custa do recurso a mais austeridade.

Ou seja, para essa comentadora, para não se "penalizar" ainda mais o "frágil" sector bancário, a alternativa passará, provavelmente,  por mais cortes nos salários, nas pensões e nos direitos sociais.

Neste caso já não lhe interessa nem preocupa a "fragilidade" dos cidadãos face às criminosas medidas de austeridade impostas por "Bruxelas"!!! 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A Comissão Europeia não aprende com os erros e continua a destruir o projecto europeu.

No passado dia 26 de Janeiro foi divulgado publicamente um relatório do Tribunal de Contas Europeu que denuncia a Comissão Europeia, acusando-a de falhar em resgates a países como Portugal.

Afirma-se nesse relatório que “a intervenção da Comissão Europeia na ajuda a países como Portugal ou a Irlanda foi “fraca” e ajudou ao crescimento de partidos anti-sistema.

“O Tribunal de Contas Europeu considera que a Comissão Europeia não estava preparada para os primeiros pedidos de assistência no quadro da crise financeira de 2008 e aponta várias falhas na sua gestão dos "resgates" a países como Portugal.

“(…) O documento da entidade sediada no Luxemburgo refere que, "a Comissão estipulou por vezes prazos irrealistas para reformas de grande amplitude". E diz que a crise e a resposta que foi dada transformou a Europa, contribuindo para o crescimento de partidos anti-sistema como o Syriza grego, o Podemos espanhol, a Frente Nacional francesa e a Alternativa para a Alemanha (Diário Económico on-line de 26 de Janeiro de 2016).

Nesse relatório onde analisa a "assistência financeira prestada a países em dificuldades", o Tribunal de Contas Europeu (TCE) analisa a gestão, por parte da Comissão, da assistência financeira prestada a cinco países – Hungria, Letónia, Roménia, Irlanda e Portugal -, concluindo que a mesma foi "globalmente fraca" e pode ser melhorada caso surja a necessidade de novos "resgates", embora julgue que os programas cumpriram os seus objectivos”.

Segundo a notícia divulgada pela agência LUSA e que tem passado quase despercebida, entre “as falhas apontadas ao executivo comunitário – e a auditoria deixou de fora análises às decisões tomadas no plano político da UE -, o TCE considera que, no plano de supervisão, "alguns sinais de alerta" relativamente a crescentes desequilíbrios macroeconómicos no início da crise "passaram despercebidos", e, na gestão dos programas de assistência, houve diferenças de tratamento aos países, controlo de qualidade limitado, fraca monitorização da aplicação dos memorandos e insuficiente documentação.

“Numa síntese sobre os antecedentes portugueses que levaram ao programa de resgate, o documento indica: "O período que antecedeu o pedido de assistência financeira foi marcado por uma evolução desfavorável das finanças públicas e por um agravamento das perspectivas económicas. Houve, assim, uma quebra de confiança e surgiram pressões de mercado crescentes sobre a dívida portuguesa, acentuadas pelos desenvolvimentos negativos nos mercados de obrigações soberanas da área do euro."

“Assim, perante um acesso limitado aos mercados, o governo passou cada vez mais a recorrer a emissões de títulos de dívida com prazos mais curtos e a outros tipos de financiamento (tais como aplicações privadas, emissões sindicadas e um considerável financiamento a curto prazo proveniente de bancos nacionais)".

“Desta forma, "no início de Maio de 2011, o diferencial da dívida portuguesa a 10 anos em relação aos títulos de dívida pública alemã ("Bunds") aumentou para 650 pontos de base. Devido às consecutivas descidas da notação das suas obrigações soberanas por parte das agências de notação, Portugal deixou de poder refinanciar-se a taxas compatíveis com a sustentabilidade orçamental a longo prazo".

“Apontando que "os Estados-membros cumpriram a maioria das condições estabelecidas nos respectivos programas, apesar de alguns atrasos provocados essencialmente por factores que escapam ao controlo da Comissão", o TCE refere que, "no entanto, a Comissão estipulou por vezes prazos irrealistas para reformas de grande amplitude".

"Um elevado nível de cumprimento não significa que todas as condições importantes tenham sido cumpridas. Além disso constatou-se que os Estados-membros tendiam a adiar para a fase final da vigência do programa o cumprimento das condições importantes", sustenta o relatório.
Continuando a transcrever a notícia da Lusa e revelada na edição on-line do Diário Económico no passado dia 26 de Janeiro, “Além disso, o Tribunal aponta que muitas vezes os países sob programa, incluindo Portugal, recorreram a medidas extraordinárias para cumprir as metas de défice com que se tinham comprometido, e observa que "medidas orçamentais temporárias não levam a uma melhoria sustentável do défice", aliviando apenas a pressão a curto prazo.

“O TCE reconhece todavia que as reformas do Pacto de Estabilidade e Crescimento, em 2011, 2013 e 2014, procuraram dar resposta às insuficiências do período anterior à crise, introduzindo uma maior supervisão macroeconómica, e a Comissão, que teve que reagir numa primeira fase sob pressão a um contexto de crise, ganhou experiência das suas "novas funções de gestão dos programas".

“Ainda assim, o relatório deixa uma série de recomendações, considerando que "a Comissão deve estabelecer um quadro aplicável a toda a instituição para permitir uma rápida mobilização dos seus recursos humanos e conhecimentos especializados caso surja a necessidade de um programa de assistência financeira".

“De acordo com o TCE, "o processo de elaboração de previsões (económicas) deve ser objecto de controlos de qualidade mais adequados", a Comissão deve "reforçar a manutenção de registos", “tentar formalizar a cooperação inter-institucional com os outros parceiros nos programas" e "deve analisar mais aprofundadamente os principais aspectos do ajustamento dos países".

“O Tribunal recomenda ainda ao executivo comunitário que se centre "nas reformas verdadeiramente importantes".

“Numa resposta incluída no relatório, a Comissão Europeia aceitou algumas das conclusões, embora lembrasse que o documento não terá levado em conta "o facto de as acções da Comissão não terem sido adoptadas no vazio e sim enquadradas numa grande complexidade de indicações institucionais".

Para grande admiração e espanto não vi esta noticia merecer o destaque merecido na comunicação social, entre os comentadores do costume ou entre os políticos defensores das medidas de austeridade.

E como se vê agora pela chantagem que a Comissão Europeia está a fazer sobre o orçamento de Portugal, com a ajuda dos seus lacaios locais e dos "miguéís de vasconcelos" do extinto PAF, especialmente o antigo vice-primeiro ministro Paulo Portas que até se deu ao trabalho de se deslocar a Bruxelas para "fazer queixinhas", essa gente não só mandou esse relatório às urtigas como continua a insistir nos mesmos erros, ignorando mais um relatório que se junta a tantos outros onde se revela as malfeitorias que essa gente continua a apostada em fazer para salvar o corrupto sistema financeiro europeu à custa dos cidadãos.

Esses criminosos, espécie de ladrões de casaca e gravata que rouba aos pobres e remediados para salvar os ricos, continuam no seu afã, preocupados em discutir décimas, enquanto agravam a situação social e económica das sociedades europeias e fecham os olhos às barbaridade feita no seio da União Europeia aos refugidos e aos mais necessitados.

Quem pára a cegueira desses burocratas?


terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O Respigo da Semana : O reino da Dinamarca está podre. O resto da Europa também

O reino da Dinamarca está podre. O resto da Europa também

Por JOSÉ VÍTOR MALHEIROS , im Público, 2/02/2016

Uma Europa indiferente ao sofrimento não é o lugar da cultura mas o lugar da barbárie.

“No fundo, sabemos há muito que é assim, mas tentámos - nós, os europeístas do coração e da cabeça, os que sempre nos sentimos herdeiros e cidadãos de uma Europa plural e sem fronteiras, os que sonhámos uma Europa humanista de justiça, de cultura e progresso - encontrar razões para acreditar numa alternativa, numa reviravolta, numa crise de consciência, num renascimento. Mas a crise das dívidas soberanas primeiro e a crise dos refugiados depois tornou tudo mais claro, mais brutal, mais simples, e apagou qualquer réstea que pudesse haver de esperança.

“A União Europeia (podia dizer, como digo muitas vezes, “esta” União Europeia, mas não vale a pena continuar a alimentar a ilusão de que “esta” União Europeia se pode transformar em “outra” União Europeia, pela simples razão de que não existe nenhuma liderança política que assuma claramente e com coragem que defende uma agenda radicalmente diferente para a UE) não representa a Europa dos valores e dos direitos humanos que sonhámos, nem a Europa do bem-estar para todos que ambicionámos. Nem para nós, portugueses, nem para os gregos, nem para os milhões de desgraçados que a ela tentam aceder para fugir da guerra, das violações, da tortura, da fome, da miséria. E, se a União Europeia não serve nem as necessidades do espírito nem as do corpo, se em vez de se ser uma referência de humanidade e um contributo para a paz volta a ser, como foi durante o século XX, o exemplo da desumanidade, o facho da hipocrisia e da desigualdade, se volta a fechar os olhos aos crimes que se cometem à frente dos seus olhos, não merece sobreviver, não deve sobreviver.

“Independentemente do número de bibliotecas, de universidades e de orquestras que possa possuir, uma Europa indiferente ao sofrimento não é o lugar da cultura mas o lugar da barbárie. Uma Europa egoísta e classista, uma Europa de castas e de privilégios não é a Europa das Luzes nem da democracia. É uma Europa de mercadores e de mercenários que deve ser recusada e combatida.

“Uma União Europeia que, perante um gigantesco problema humanitário, causado por guerras que ela própria patrocinou por subserviência cega às forças mais reaccionárias dos Estados Unidos, sem saber bem no que se estava a meter ou apenas para que as suas empresas de armamento pudessem aumentar a facturação, decide fechar as portas da cidade e aumentar o volume da música para não ouvir os gritos do outro lado das muralhas é uma Europa que nos avilta.

“Como classificar a decisão da Dinamarca de confiscar bens aos refugiados que perderam tudo menos a vida? Que palavras se podem usar para classificar esta infâmia? Como o permitiria a UE se tivesse uma réstia de dignidade? Como classificar a prática de uma empresa de segurança britânica de pintar de vermelho as portas das casas onde vivem refugiados? Ou as múltiplas medidas e declarações xenófobas de políticos europeus que não são apenas oriundos da extrema-direita?

“A União Europeia, como sempre faz, começou por enterrar a cabeça na areia para ver se o problema desaparecia por magia. E, quando o problema se intensificou, não só foi absolutamente incapaz de definir uma estratégia continental para o resolver - que não poderia passar apenas pelo acolhimento dos que fogem mas deveria incluir também uma estratégia internacional para solucionar o problema na sua origem - como decidiu responsabilizar os países situados na fronteira europeia. A Grécia foi acusada de ser a causa do problema, de não controlar as suas fronteiras, de deixar entrar demasiados refugiados, de não ser a guardiã de Schengen que os tratados exigem.

“A posição de Bruxelas em relação à Grécia é simples e clara: a Grécia deve evitar a entrada de mais refugiados usando todos os meios possíveis. Todos? Disparar sobre os refugiados, bombardear os seus barcos, afogar todas as crianças? Bruxelas não o diz com esta clareza mas os eufemismos da burocracia não deixam margem para dúvidas. Bruxelas quer uma solução final para o problema dos refugiados.

“E nós, cidadãos desta União Europeia? O que dizemos? Vamos continuar a tolerar o totalitarismo e a desumanidade da União Europeia?


“Foi intolerável olhar o corpo de Alan Kurdi, a criança curda afogada no ano passado numa praia da Turquia. A União Europeia também chorou, mas todos os dias é cumplice da morte de dezenas de crianças, mães e pais que procuram uma terra sem guerra. A União Europeia nem sequer tenta ou finge tentar encontrar uma solução. Espera apenas que nos habituemos, que o medo dos refugiados cresça, que acabemos por pedir que fechem todas as portas e afoguem todas as crianças. Acabaremos a aceitar isso? A pedir isso? Acabaremos como os habitantes de Weimar, essa capital da cultura e da civilização, que preferia ignorar o que se passava em Buchenwald? Estamos longe disso? Estamos cada vez mais perto. Hoje, vão morrer afogadas, sufocadas, soterradas, mortas a tiro, dezenas de crianças iguais a Alan Kurdi, que a União Europeia teria podido salvar”.

O Carnaval de Torres está na rua: