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sábado, 31 de outubro de 2015

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

CENAS DE UM "VELÓRIO"...



Tudo aquilo cheirava a mofo...parecia um velório..
Passos veio falar no combate à pobreza, ao desemprego e às desigualdades... até parece que não foi ele que nos governou nos últimos quatro anos e nos conduziu ao desastre...
...já vi velórios mais alegres!!!!

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Correio da Manhã - o jornalismo de sarjeta também tem direito à vida…


O jornal “Correio da Manhã” é um nojo em termos jornalísticos, que envergonha o jornalismo português e devia envergonhar quem nele trabalha, pelo menos aqueles que ocupam cargos de chefia.

Copia o pior do que se faz no jornalismo ocidental e, pior do que isso, deu o mote à maior parte do “estilo” jornalístico que campeia na comunicação social televisiva e até já contaminou o jornalismo escrito de “referência”, que usa e abusa dos títulos bombásticos e sensacionalistas para vender papel.

Podem argumentar que o “Correio da Manhã” é o jornal que mais vende em Portugal, e portanto é daquilo que o povo gosta. Mas,para mim, isso não é argumento e só mostra a indigência cultural deste país.

Mas daí a proibir o jornal de dar as notícias no estilo nojento como as costuma dar, vai uma grande distância. Vivemos num país livre e democrático e, desde que não me obriguem a nada, cada um come do que gosta.

O que aconteceu é que aquele jornal, usando um método eticamente reprovável, mas legal, se constituiu como assistentes no processo que decorre contra José Sócrates, tendo acesso ao conteúdo do mesmo para passar a informação para ser publicada do jornal.

Que essa informação seja divulgada fora de contexto, de forma cirúrgica e acompanhada por comentários ou títulos bombásticos que são mera opinião, não espantará ninguém. Esse é o estilo do jornalismo que se faz por aquele lado.

Penso até que o facto do principal “ataque” a Sócrates vir daquele jornal até pode ser uma vantagem para o arguido, tendo a conta a falta de credibilidade do “Correio da Manhã”.

Mas não foi isso que aconteceu e a defesa de José Sócrates resolveu actuar de um modo que se aproxima da simples censura.

O que tudo isto revela de grave é que aquele processo, eticamente reprovável, de ter acesso a processos judiciais é habitualmente usado por aquele jornal  ( e não só) para lançar lama conta qualquer cidadão anónimo deste país que tenha um processo a decorrer em tribunal.

Fosse o arguido um pobre e miserável pequeno delinquente ou pequeno criminoso, daqueles que enchem as páginas daquele jornal, e nada acontecia àquele jornal.

Mas, mesmo aquela situação eticamente reprovável  não é da responsabilidade do “Correio da Manhã”, existe porque é legal e porque a justiça em Portugal funciona com funciona, neste caso, como noutros, muito mal.

Por isso, quanto a nós, mesmo um vómito jornalístico como o “Correio da Manhã” tem direito à vida e deve ser livre de divulgar as alarvidade e do modo alarve e boçal a que nos acostumou, pois é isso que faz parte da sua identidade e  esse é o custo de vivermos em liberdade.


Concurso Nacional de Banda Desenhada de 2015 revela a nova BD portuguesa.

BêDêZine: Concurso Nacional de Banda Desenhada de 2015 revel...: Enquanto se aguarda a divulgação dos prémios nacionais de banda desenhada, prevista para este Sábado, aqui revelamos os resultados do Concurso Nacional de banda Desenhada de 2015(clicar para ver).

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Não discutimos o "Deus" euro, Não discutimos a "Pátria" União Europeia, Não discutimos a Autoridade da Troika e do Tratado orçamental...


No meio da histeria que se abateu sobre os pequenos gobelzinhos do comentário político e económico, um dos argumentos mais usados em defesa do afastamento de partidos da esquerda da àrea do poder, e na diabolização dos mesmos, tem sido o de os acusar de  "anti-europeistas" e  de "eurocepticismo" e de "desrespeitarem" tratados e  instituições europeias.

Para esses, questionar a forma desastrada como nasceu o euro, e a responsabilidade desta moeda na decadência da União Europeia e no empobrecimento dos seus cidadãos, é ser "euroceptico" ou "anti-europeu" .

Para esses, questionar o caminho anti-social que tem sido seguido  por eurocratas não eleitos e por instituições sem controle democrático, ao longo da última década, é ser "euroceptico" e "anti-europeu".

Para esses, questionar a forma como foram elaborados alguns dos mais desastrosos tratados europeus, aprovados nas costas dos cidadãos europeus e, na maior parte das vezes, por instituições não democráticas, como o BCE, o Eurogrupo ou o Conselho Europeu, é ser "eurocéptico" e "anti-europeus".

Para nós, a única forma de salvar o que resta do projecto solidário e democrático da União Europeia só pode passar por discutir muitas daquelas decisões e combate-las.

E discuti-las e combate-las não quer dizer que não se respeitem os compromissos e os tratados, enquanto estiverem em vigor.

Mas respeitar compromissos, principalmente quando eles foram decididos por outros,  nas nossas costas e em nosso nome,  não quer dizer que se concorde com eles e que não se trave uma batalha legal e política para os aperfeiçoar ou rever.É assim que funciona a democracia.

Os verdadeiros "eurocepticos", os verdadeiros "anti-europeus", são os que insistem num caminho que vai levar a Europa ao desastre social, económico e político.

Os avisos já estão aí, por toda a parte.

Continuar a  insistir que discutir o "Deus" Euro , discutir a "Pátria" União Europeia, ou discutir a Autoridade (ou "austeridade"?...) dos tratados, como o tratado orçamental, imposto por instituições não democráticas, é ser-se "euroceptico" ou "antieuropeísta", leva-nos a recordar outros tempos em que esse tipo de retórica , noutro contexto histórico, também era utilizado como propaganda ideológica: 


AMADORA BD 2015 - Prémio Nacional de BD vai ser anunciado no próximo Sábado

BêDêZine: AMADORA BD 2015 - Prémio Nacional de BD vai ser an...: Vão ser anunciados no próximo Sábado, no Festival de Banda Desenhada da Amadora, os vencedores do Prémio Nacional de Banda Desenhada (clicar para ler mais).

terça-feira, 27 de outubro de 2015

O "7º Governo Provisório" :


Já aí está, o "presente,  curto, novo velho" ex-futuro governo.

Mais dois ministérios, muitos secretários de estado promovidos, muitos Doutores e professores Doutores, alguns ex-ministros, os mais inteligentes (ou espertos) em fuga para parte incerta, mas tacho certo (Crato, Macedo, Teixeira da Cruz e Pires de Lima)...

Seguem-se cenas dos próximos capítulos...

Luaty Beirão anuncia fim de greve de fome


Numa carta envida hoje ao site "Rede Angola"  Luaty Beirão anunciou o fim da sua greve da fome, uma atitude inteligente por parte desse combatente pelos direitos humanos em Angola.

Nessa carte que pode ser lida AQUI, clamou mais uma vez pela sua inocência: "Estou inocente do que nos acusam e assumo o fim da minha greve de fome" e  " só posso esperar que os responsáveis do nosso País também parem a sua greve humanitária e de justiça".

Agora é preciso que em Angola e em Portugal ninguém baixe os braços.

A luta pela democracia em Angola ganhou com este caso uma nova dimensão e deixou à vista aquilo que muitos já denunciavam há muito tempo, um regime corrupto, incapaz de gerar bem estar entre os seus cidadãos, mas aberto a todas as negociatas com os seus cúmplices um pouco por todo o mundo, Portugal incluído.

Até aqui a opção dos Angolanos era entre um partido corrupto como o MPLA que traiu a sua origem, e um grupo de bandoleiros, a UNITA, que, depois do fim da guerra, se tornou cúmplice da corrupção do poder dominante.

A luta de Luaty e dos seus companheiros pode contribuir para encontra uma alternativa àqueles partidos corrutos e anti-democráticos, uma alternativa verdadeiramente democrática e humanista, capaz de dar aos angolanos, que vivem num dos países com mais riquezas no mundo, mas onde a maior parte da sua população vive na miséria, uma nova esperança.

Por cá tudo faremos para continuar a divulgar essa luta e para denunciar os "amigos" que deste lado tanto têm contribuido para aumentar  a fortuna e o poder dos corruptos governantes angolanos.

Aqui transcevemos a notícia hoje publicada no site "Rede Angola":

"É a notícia do fim da greve de fome de Luaty Beirão.

"Em carta enviada à redacção do Rede Angola pela família de Beirão (pode ser lida AQUI), escrita pelo activista ontem e dedicada aos seus 14 companheiros detidos e à sociedade civil, Luaty Beirão, ao fim de 36 dias, anunciou o fim da greve de fome que iniciou dia 21 de Setembro em protesto contra o excesso de prisão preventiva.

"A “Carta aos meus companheiros de prisão”, começa, tal como as detenções dos activistas, na data que deu inicio àqueles que se contabilizam hoje em 129 dias de detenção: 20 de Junho de 2015.

“Junho vai longe. Passámos muitos dias presos em celas solitárias, alguns sem comer, com muitas saudades de quem nos é próximo. Pelo caminho sentimos a solidariedade da maioria dos prisioneiros e funcionários. Tivemos apoio de família e amigos.”

"Detidos em diferentes estabelecimentos prisionais por cerca de três meses – Estabelecimento Prisional de Calomboloca, Unidade Prisional do Kakila, Hospital Psiquiátrico e Comarca Central de Luanda – , unanimemente acusados de “actos preparatórios para prática de rebelião e atentado contra o Presidente da República”, de momento, todos os activistas se encontram no Hospital-Prisão de São Paulo.

"Luaty Beirão, internado na Clínica Girassol, em Luanda, desde o dia 15 de Outubro – transferido pelos serviços prisionais por se encontrar em estágio avançado de greve de fome -, conseguiu, devido ao acesso a mais visitas e consumo de informação, aperceber-se dos movimentos de solidariedade e indignação em relação ao processo.

“Tive a oportunidade de me aperceber do que nos espera lá fora e queria partilhar convosco o que vi: Vi pessoas da nossa sociedade, que lutaram pelo nosso país e viveram o que estamos a viver, a saírem da sombra e a comprometerem-se em nossa defesa, para que a História não se repita. Vi pessoas de várias partes do mundo, organizações de cariz civil, personalidades, desconhecidos com experiências de luta na primeira pessoa que, sozinhos ou em grupo, se aglomeram no pedido da nossa libertação. Já o sentíamos antes, mas não com esta dimensão”, conta Luaty aos seus companheiros.

"É um texto de um, e para todos os prisioneiros políticos. São eles: Domingos da Cruz, Afonso Matias “Mbanza Hamza”, José Gomes Hata, Hitler Jessia Chiconda “Samussuku”, Inocêncio Brito, Sedrick de Carvalho, Fernando Tomás Nicola, Nelson Dibango, Arante Kivuvu, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Osvaldo Caholo, Manuel Baptista Chivonde “Nito Alves” e Albano Evaristo Bingo.

"A  21 de Outubro, o grupo de detidos pediu a Luaty Beirão que parasse com a greve de fome.

"Desde a detenção dos activistas, vários são os grupos de apoio nacionais e internacionais que apelam à libertação dos presos políticos em Angola, exigindo justiça e celeridade para a resolução do processo. Organizações, tal como a Amnistia Internacional (AI), a OMUNGA, a Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), o Grupo de Apoio aos Presos Políticos Angolanos (GAPPA), a Organização das Nações Unidas (ONU) e União Europeia (UE), entre outras, tornaram-se voz activa na exigência pelo respeito aos Direitos Humanos no país.

"A sociedade civil, através de várias vigílias pacíficas e acções de solidariedade em diferentes países, apoia as famílias dos detidos e reclama “Liberdade Já”. Grito com início num movimento que surgiu pela libertação de todos os presos políticos de Angola.

"Angola, Brasil, Portugal, Reino Unido, EUA, são, entre outros, alguns dos países que têm em agenda humanitária e informativa o caso dos “15+2”. À sociedade, Luaty dedica as seguintes palavras:

“Não vou desistir de lutar, nem abandonar os meus companheiros e todas as pessoas que manifestaram tanto amor e que me encheram o coração. Muito obrigado. Espero que a sociedade civil nacional e internacional e todo este apoio dos media não pare.”

"As acções de solidariedade não têm sido, no entanto, bem recebidas por todos.

"Em diferentes órgãos de comunicação nacionais, muitas são as linhas de críticas escritas devido ao envolvimento externo no apelo à resolução do processo. As mais comuns têm Portugal como destinatário. A título de exemplo, na rubrica A Palavra do Director, intitulada ” De Portugal nada se espera”, o órgão de comunicação estatal Jornal de Angola, através da assinatura de José Ribeiro, invocando o passado, regista que se está “perante um episódio produzido pelos profissionais que garantiram a melhor cobertura à guerra do criminoso Jonas Savimbi e do regime de apartheid e hoje se apresentam travestidos de democratas e defensores dos direitos humanos”. Os profissionais são, entre outros nomeados, os jornalistas portugueses ou os detentores de órgãos de comunicação. “A central mediática que está na primeira linha dessa operação em Portugal pertence a Francisco Pinto Balsemão, militante com o cartão n.º1 do Partido Social Democrata (PSD) e articula-se entre os canais SIC, o semanário “Expresso” e toda a rede de publicações do Grupo Impresa”, acusa José Ribeiro" 

"São também já conhecidas as duras críticas à presença em Angola, e envolvimento no apelo à libertação dos activistas, da eurodeputada Ana Gomes; ou a repressão às vigílias por parte da Polícia Nacional.

"Por tudo isso, Luaty alerta para o facto da força ainda parecer “desproporcional”, referindo que, apesar do caso ter servido para expôr a “fragilidade “ de quem governa, a “prepotência, incompetência e má fé” continuam presentes na gestão do processo.

"Para as atitudes acima descritas, Luaty diz o que já muitas vez repetiu: “Vamos dar as costas. E voltar amanhã de novo”, anunciando por fim: “Vou parar a greve.”

"De momento, há que contabilizar, para além dos 15 detidos em Junho, as activistas Laurinda Alves e Rosa Conde -, constituídas arguidas do mesmo processo a 31 de Agosto e a aguardar julgamento em liberdade.

"E ainda Domingos Magno, detido no dia 15 de Outubro por “falsa qualidade”, ao ter na sua posse indevidamente um passe de imprensa que lhe daria acesso à Assembleia, onde pretendia assistir ao discurso sobre o Estado da Nação.

"É também considerado preso político Marcos Mavungo, detido há seis meses e condenado, no dia 14 de Setembro, a seis anos de prisão, acusado do crime de rebelião contra o Estado. E Arão Bula Tempo, acusado formalmente de crime de rebelião e instigação à guerra civil.

"É sobre todos eles que Luaty fala".

“Estou inocente do que nos acusam e assumo o fim da minha greve de fome. Sem resposta quanto ao meu pedido para aguardarmos o julgamento em liberdade, só posso esperar que os responsáveis do nosso País também parem a sua greve humanitária e de justiça. De todos os modos, a máscara já caiu. A vitória já aconteceu”, afirma.

"Segue-se um pedido:

“Abracemos todo o amor que recebemos e agarremos todas as ferramentas. Juntos. Já não somos os ‘arruaceiros’. Já não somos os “jovens revús”. Já não estamos sós. Em Angola, somos todos necessários. Somos todos revolucionários.”

"Por fim, o activista assina, em luta pacífica, por “uma verdadeira transformação social” em Angola.


"O julgamento decorrerá entre 16 e 20 de Novembro".

Exposição de Alfredo da Conceição, um marco do desenho Biológico em Portugal


A FORMA E A LUZ: Exposição de Alfredo da Conceição, um marco do des...: Abriu ao público, no passado sábado, 24 de Outubro, na Biblioteca da Fundação Manuel Viegas Guerreiro, em Querença, no Algarve...(clicar para ler mais)

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Tudo vai bem no Reino do Cavaquistão...


Cavaco Silva, ao convidar o líder do partido mais votado e vencedor das últimas eleições  legislativas, para formar governo,  fez aquilo que é legitimo, tradicional na política portuguesa e óbvio no modo de funcionamento do actual presidente da República.

Nada de novo, portanto.

O que não se percebe é o tempo que levou para chegar a essa decisão óbvia e, ainda por cima, desculpando-se com a necessidade de “reflectir” sobre essa decisão para se ausentar das comemorações do 5 de Outubro .

Mas percebe-se ainda menos o resto do seu discurso de ontem, um desenterrar da retórica anticomunista dos tempos da Guerra Fria . Alguém devia explicar ao homem que o muro de Berlim já foi derrubado e a União Soviética já não existe.

Para Cavaco Silva, ficámos a sabê-lo ontem de forma clara, embora já desconfiássemos, existem portugueses de primeira, os que obedecem ao regime "austeritário", e portugueses de segunda, os que a questionam, onde só os primeiros têm direito a terem representação política.

Estivéssemos noutros tempos e talvez ontem ele tivesse anunciado a ilegalização de todos os partidos que criticassem o actual rumo da União Europeias ou que, legitimamente, questionassem os compromissos financeiros elaborados  por instituições não democráticas, o actual modelo de construção do euro e o resultado do modelo austeritário imposto aos cidadãos europeus por essas instituições não democráticas.

Também ficámos a saber que, entre os interesses nebulosos dos mercados financeiros e os interesses dos cidadãos, o presidente está ao lado dos primeiros.

Grave ainda foi o seu apelo velado (porque ele nunca diz nada de forma clara e frontal) à divisão no interior do segundo maior partido, apelo, que aliás, teve o efeito contrário ao pretendido, isolando em definitivo as vozes críticas dentro do PS.

De Cavaco Silva, já não esperávamos muito melhor.

Já o considerámos o pior presidente do regime democrático e o segundo pior de toda a República, só ultrapassado, para pior , por Américo Thomaz…

Mas agora somos obrigados a “rever” essa posição. Américo Thomaz, pelo menos uma vez na vida, teve coragem para remar contra o óbvio e os radicais do salazarismo, nomeando Marcelo Caetano, um “dissidente”, para substituir Salazar, ainda em vida deste, obrigando o regime a abrir-se e, involuntáriamnete, a criar condições para a ruptura democrática de 1974.

Se as cenas dos próximos episódios  se concretizarem, o provável derrube pelo parlamento do governo de Passos Coelho e a apresentação de uma alternativa de governo maioritariamente apoiado pela esquerda e pela maioria dos eleitores que votaram contra o modelo austeritário da coligação, e liderado pelo PS, e se Cavaco agir em conformidade com a sua comunicação de ontem , onde recusa um cenário de governo à esquerda, mantendo este governo em gestão até, pelo menos, o mês de Abril, então Cavaco Silva está bem colocado para  ocupar o lugar do pior presidente de toda a República.

Se era esta a "estabilidade" e o "consenso" que tanto apregoa!!!!...é como o "irrevogável" do outro...

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Os Funcionários Públicos e...os "Funcionários Públicos"...


Os funcionários públicos têm sido, no seu conjunto, alvo de uma campanha negativa que procura diabolizar o seu trabalho e lançar sobre eles todas as responsabilidades pela crise e pela situação do país.

Essa campanha, que é conduzida pelos ideólogos, comentadores e políticos neo-liberais, para justificar as malfeitorias dos últimos anos contra os sectores da educação, da saúde e da segurança social, usam argumentos onde misturam as meias-verdades, valorizam os aspectos negativos que existem em todos os sectores e lançam a confusão pondo no mesmo saco o verdadeiro funcionário público e os boys nomeado para cargos "públicos".

Confundem o verdadeiro funcionário público, aquele que de facto trabalha num daqueles sectores ou noutros essenciais aos funcionamento do Estado de Direito, que entraram por concurso público legitimo e que recebem os seus salários e descontam os seus impostos dentro dos limites de uma carreira definida, com aqueles outros que são colocados na administração pública por nomeação política ou através de concursos feitos à medida e beneficiando de privilégios, salários, ajudas de custo, que não beneficiam aqueles outros.

Estes "boys", nomeados pelos vários governos, como "gratificação" pelas suas funções políticas junto dos governantes, como secretários de Estado, subsecretários de Estado, consultores, assessores e tantos outros cargos inúteis, mas principescamente remunerados e beneficiando de verdadeiros privilégios no que respeita a ajudas de custo e pagamento de impostos já são neste momento, dentro dos ministérios e noutros serviços do Estado, alguns largos milhares.

Digo que aqueles cargos são inuteis porque sempre me fez confusão porque é que, existindo nos quadros dos vários ministérios técnicos de formação e com larga experiência profissional nas mais variadas àreas do estado e dos ministérios, cada governo que chega nomeia um enxame de assessores, secretários, consultores e funcionários vários, para já não falar no recurso às consultadorias externas, para exercerem funções que podiam perfeitamente ser exercidas por aqueles funcionários.

A única resposta é o sistema clientelar em que assenta grande parte do panorama político português, nomeadamente entre os chamados partidos do "arco do poder".

O programa "Sexta às 9" da RTP 1, um dos pouco exemplos do jornalismo de investigação que vai sobrevivendo na comunicação social, na sua última edição emitida no passado dia 16 de Outubro, denuncia mais um episódio de nomeações apressadas para a "função pública" dos "boys" do governo de Passos Coelho, nomeações essas que tiveram lugar em plena campanha eleitoral.

Quando tanto se fala em "gorduras do Estado", estas nomeações são as verdadeiras gorduras do Estado, e não os salários, as reformas ou as carreiras dos verdadeiros funcionários públicos, como o actual governo e os seus gobelzinhos do comentário político nos têm tentado vender.

Em baixo reproduzimos a última edição daquele programa, que inclui mais duas reportagens. Aquela a que nos referimos começa por volta do minuto 10 do programa: 

Sexta às 9 (clicar para ver a partir do minuto 10).

Começa Amanhã a 26ª edição do AMADORA BD .

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

OS "AMIGOS" PORTUGUESES DE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS


O que têm em comum títulos de imprensa e da comunicação social como:
Diário de Notícias;
TSF;
Jornal de Notícias;
O Jogo;
O SOl;
Expresso;
 SIC;
Visão;

Exame;

Caras;
Sport TV;
Volta ao Mundo;
...etc, etc, etc!!!???

O que têm em comum Bancos como:
BPI;
BIC;

BCP;

(para já não falar do finado BES) ????

O que têm em comum empresas como:
Soares da Costa;
Cofina;
Controlinveste;
Impresa;
Bom-Petisco;
Viaauto;
Sporting;
Galp;
Américo Amorim;
Mota-Engil;
Zon;
Sonae;
Continente;
Efacec Portugal;
Central de Frutas do Painho;
e tantas outras ( esta lista só peca por  já estar desactualizada)....????

O que  têm em comum figuras como 
Américo Amorim;
Daniel Proença de Carvalho;
Paulo Azevedo;
Mira Amaral;
António Lobo Xavier;
(para citar apenas os nomes mais conhecidos)?

...Todos pertencem, em maior ou menos grau, são pagos, uns mais, outros menos, e têm negócios, mais ou menos vultosos, com os principais representantes do poder financeiro de José Eduardo dos Santos em Portugal, onde se cruzam Isabel dos Santos, a irmã "Tchizé" e o protegido António Mosquito.

Para saberem mais leiam o artigo do Jornal de Negócios de 2013  "O ABC do poder angolano". Apenas peca por alguma desactualização, pois o poder do polvo angolano cresceu muito mais neste dois últimos anos, com destaque para o controlo da Controlinveste.

Estes são os principais beneficiados ( e, directa ou indirectamente, os seus "representantes" e propagandistas) do poder de José Eduardo dos Santos, o mesmo que colocou Angola entre os países mais pobres do mundo e prendeu activistas pela democracia, como Luaty Beirão...

HOJE, ÀS 16.29 HORAS, CHEGAMOS AO "FUTURO" -


Hoje é o dia do "futuro" da série Regresso ao Futuro, mais concretamente do segundo filme da série estreado em 1989.

Das previsões dos filme para o dia 21 de Outubro de 2015, algumas confirmaram-se. muitas nem por isso (como se pode ler AQUI).

Não é primeiro caso em que as previsões sobre o futuro, mais do que reflectir sobre esse futuro, se baseiam nas condições do presente em que foram ficcionadas, como"mera" metáfora das preocupações contemporâneas dos seus autores.

No principio do século XX a revista "Ilustração Portuguesa" editava uma série de ilustrações onde se previa o futuro, para o final do século, da cidade de Lisboa. Era uma Lisboa cheia de dirigíveis no céu e dominada pela arquitectura do ferro, tudo aquilo que então era o que despontava de mais moderno na época dessa publicação.

Uma outra famosa obra "futurista", "1984" de George Orwell, publicada em 1949, refelectia mais sobre a realidade dos totalitarismos (nazismo e stalinismo) da época em que foi escrita do muito longe, a não ser como metáfora, da realidade de 1984. 

Curiosamente, se a obra era uma critica feroz ao stalinismo, o ano  a seguir ao de 1984 foi o que marcou a chegada ao poder de Gorbachev que acabou com os últimos resquícios do stalinismo (cujo fim se começou a anunciar-se em 1956).

Também Stanley Kubrick não escapou à "prisão do presente" na sua obra futurista "2001 Odisseia no Espaço" de 1968, ano anterior à chegada do primeiro homem à Lua, obra que se baseou num livro de Stanley C. Clarke. 

O entusiasmo pela conquista do espaço que então se vivia acabou por se revelar menos promissor do que aquilo que era previsto por Kubrick, mas o mais significativos dos limites em pensar um futuro que não consegue prever a imprevisível realidade, foi o facto de, nesse "2001" ainda existir uma União Soviética que tinha acabado, na realidade, dez anos antes.

As imagens que projectamos no futuro são muito mais um retrato do "presente" em que as imaginamos do que uma previsão.

No fundo, o sal da vida é mesmo a imprevisibilidade do dia seguinte, bem mais imaginativo do que a mais fértil imaginação futurista.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

DESENTERRAR O PREC



Não deixa de ser irónico que os mesmos que, nos últimos anos, andaram a apregoar pelos “setes ventos” (vulgo comunicação social de “referência”), o “fim da História” ou “o mundo que mudou” para justificar todas as malfeitorias do "austeritarismo" neoliberal contra os direitos sociais e contra os a legitimidade democrática validada em urna pelos cidadãos europeus, que, somada, um pouco por toda a Europa, nem sempre através das melhores escolhas, recusa a “TINA” ( “não há alternativa” em inglês, outra das falácias dessa gente…), sejam aqueles que, agora, desenterram histórias passadas ou o “horror” do PREC (“Processo Revolucionário em Curso”, uma referência aos idos de 1974-1975 em Portugal, do pós 25 de Abril à consolidação da democracia).

Também não deixa de ser curioso que muitos desses “comentadores”, os que eram vivos na altura,  estavam então do lado mais negativo do tal PREC , ora fomentando, apoiando ou participando nas acções terroristas da extrema–direita (que teve no ELP e no MDLP o expoente máximo), ora  como activos participantes  na extrema-esquerda maoista ( que considerava o PCP “social-fascista”, “revisionista” e “burguês” e se aliaram muitas vezes aos partidos de direita para o combater).

A actual situação de diálogo à esquerda, mesmo que não venha, como penso que não vai,  a resultar num governo estável, e não sirva para travar a constituição de um governo de direita, que foi, apesar de tudo, o que foi legitimado em urnas, teve pelo menos o mérito de desmascarar a retórica primária de muitos comentadores, políticos e professores universitários.


O verniz  engravatado de muita dessa gente tem vindo, assim, a estalar no mais primário argumentário anticomunista que se pensava há muito morto e enterrado.

Afinal, para eles, o "mundo mudou", mas o  muro de Berlim ainda não caiu e a história só terminou no capítulo que mais lhes convém...

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Recordar o Cine Clube de Torres Vedras

O RESPIGO DA SEMANA - "Luaty e a vergonha Angola-Portugal" por Alexandra Lucas Coelho


Luaty e a vergonha Angola-Portugal

Por Alexandra Lucas Coelho, in Público, 18 de Outubro de 2015

“1. Não sei como José Eduardo dos Santos dorme à noite. Não sei como Isabel dos Santos dorme à noite. Não sei como milhares de homens e mulheres de negócios dormem à noite. Não sei como o Governo português dorme à noite. E o PCP podia arranjar melhor companhia do que o governo português nesta matéria, a greve de fome de Luaty Beirão. Milhares de comunistas portugueses presos, torturados e mortos em nome da liberdade merecem muito mais.

“2. Não há número que diga tanto sobre um país como a taxa de mortalidade infantil. Angola tem a pior taxa de mortalidade infantil do mundo: 167 crianças em 1000, o que quer dizer que uma em cada seis crianças angolanas morre antes dos cinco anos (Unicef). Quando a taxa de mortalidade infantil de um país é alta, isso é uma urgência. Mas quando ela é a mais alta do mundo num país dominado por uma oligarquia milionária isso é uma espécie de crime por negligência na forma continuada. E não faltam dados contundentes sobre o statu quo em que essa espécie de crime acontece, por exemplo, o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU (calculado a partir da esperança de vida, taxas de escolaridade e rendimento nacional bruto). No último relatório, que abrange 187 países, Angola está em 149.º lugar. Ou seja: em Angola, segundo maior produtor de petróleo da África subsariana, oficialmente uma democracia presidencialista com a qual Portugal tem estreitíssimos laços económicos, vive-se pior do que em quase todo o planeta, incluindo países em guerra, ditaduras, catástrofes. E a estes três números (mortalidade infantil, desenvolvimento humano, produção de petróleo) podemos acrescentar mais dois para completar a mão: o Presidente e líder do MPLA, José Eduardo dos Santos, está há 36 anos no poder; e a sua filha Isabel dos Santos é a mulher mais rica de África, com 3,2 mil milhões de dólares.

“3. Foi neste país que, a 20 de Junho passado, a polícia do regime deteve sem mandato 15 jovens que estavam numa casa de Luanda a discutir a situação política. Tinham dois livros com eles, Da Ditadura à Democracia, de Gene Shar, e Ferramentas para Destruir o Ditador e Evitar Nova Ditadura — Filosofia política da libertação para Angola, do jornalista angolano Domingos da Cruz. Os 15, incluindo Domingos, foram acusados de preparar um golpe de Estado. Ao fim de quase quatro meses, continuam presos, sem culpa formada e sem julgamento. Vários fizeram greves de fome, um deles, Luaty Beirão, não desistiu. No dia em que escrevo, quinta-feira, 15 de Outubro, Luaty está sem comer há 25 dias. Terá perdido cerca de 20 quilos, não consegue beber água, foi posto a soro no hospital-prisão, tudo isto enquanto a polícia do regime reprimia vigílias de solidariedade e protesto. Luaty é um activista com experiência, foi preso logo a 7 de Março de 2011, dia-símbolo para o levantamento dos jovens angolanos inspirados pela Primavera Árabe. Entre 2011 e 2015, viu o regime desdobrar-se em raptos, espancamentos, tentativas de suborno, ameaças a familiares, perseguições políticas, tudo para tentar combater activistas. A posição de Luaty é clara: manter-se em greve enquanto os 15 estiverem presos, contra a lei, mesmo a lei de Angola. Visto que Angola, descontando censura, prisões arbitrárias, raptos, espancamentos, suborno, ameaças, perseguições e repressão, é oficialmente uma democracia. Os observadores internacionais nem têm achado prioritário observar as eleições angolanas. Como Luaty diz, na entrevista que o PÚBLICO transcreveu e disponibilizou em vídeo, primaram pela ausência.

“4. Foi bom ter visto, esta quarta-feira, em Lisboa, centenas de pessoas que fizeram o contrário, estiveram lá, na vigília convocada pela Amnistia Internacional, com a cara de Luaty, e dos outros 14 (Osvaldo Caholo, Afonso Matias, Albano Bingobingo, Nelson Dibango, Sedrick de Carvalho, Domingos da Cruz, Inocêncio António de Brito, Arante Kivuvu, José Gomes Hata, Manuel Baptista Chivonde Nito Alves, Fernando Tomás, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias e Chiconda ‘Samussuku’). Bom ter visto lá angolanos como Rafael Marques de Morais, José Eduardo Agualusa, ou Kalaf, a cabo-verdiana Mayra Andrade, e tantas dezenas tão jovens ou muito mais do que aqueles que estão presos. Era uma pequena multidão com música, palavras e imagens. Mas não sei onde estavam, nem o que pensam, angolanos que estiveram tanto tempo presos pelo que pensaram e escreveram, como Luandino Vieira. Gostava de saber.

“5. Enquanto Luaty, cidadão angolano e português, pode morrer a qualquer momento nestas circunstâncias, o Governo português tem, naturalmente, questões a debater, equacionar e mesmo ponderar, na sua relação com o Estado democrático de Angola, e portanto, até à hora de fecho desta crónica, que se saiba, fez exactamente zero. “Considera o Governo de Portugal a possibilidade de apresentar uma queixa junto do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e de todas as demais instâncias internacionais competentes devido à violação de direitos humanos essenciais por parte do Estado angolano neste caso concreto afectando um cidadão português?”, foi a pergunta de Pedro Filipe Soares, deputado do Bloco de Esquerda. Através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, a resposta do Governo português, até à hora de fecho desta crónica, era: “Nós estamos a acompanhar a situação do ponto de vista humanitário, visto tratar-se de uma matéria interna de Angola no que diz respeito ao problema da averiguação se existe ou não existe uma infracção de carácter penal, e nisso não nos imiscuímos.”

“6. A declaração de Machete foi feita segunda-feira. Terça, o Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia Municipal de Lisboa este voto: “1. Exprimir solidariedade a Luaty Beirão, sua família e amigos; 2. Exprimir solidariedade para com todas pessoas detidas no dia 20 de junho; 3. Recomendar a imediata libertação das pessoas detidas no dia 20 de junho; 4. Remeter este voto aos órgãos de soberania e aos grupos parlamentares representados na Assembleia da República; 5. Remeter este voto à Embaixada de Angola em Portugal.” Pois, o PCP votou contra. E não só votou contra, como resolveu contrapor um voto que diz assim: “Apelar às autoridades angolanas, no quadro do respeito da sua soberania e ordem jurídico-constitucional, a consideração da situação humanitária de Luaty Beirão.” Ricardo Robles, do Bloco, argumentou: “Não é uma situação de cariz humanitário. É uma questão política. Ele é um preso político e está em risco de vida. Um preso político é um preso político. Em Angola, na China, em Cuba, nos Estados Unidos, na Turquia ou na Palestina. É um preso político e devemos respeitá-lo, porque houve tantos presos políticos no Partido Comunista Português e tanto respeito que eles merecem.” Mas o efeito, no PCP, foi exactamente zero, em consonância com a posição do Governo PSD-CDS. Para um partido que tanto preza a coerência, que desonra à sua própria história, a milhares e milhares de comunistas que deram tudo pela liberdade.


“7. Uma das coisas que Luaty diz no vídeo que o PÚBLICO pôs online esta semana é que um filho não é responsável pelo pai. Ele, Luaty Beirão, é filho de João Beirão (entretanto falecido), um próximo de José Eduardo dos Santos a ponto de ter dirigido a poderosa Fundação Eduardo dos Santos. Luaty tomou outro caminho; depois de estudar em França e Inglaterra, onde se tornou politicamente activo em manifestações e ocupações, fez uma viagem a pé de Lisboa a Luanda, com dois quilos de frutos secos e cem euros no bolso; conheceu parte de África, lentamente e sem rede; e de volta a casa manteve uma intervenção constante como rapper e activista. O extremo oposto do que aconteceu com a verdadeira filha do regime que é Isabel dos Santos, dez anos mais velha. Não só Isabel parece dormir bem com todos aqueles números sobre Angola, como a sua fortuna tem crescido inversamente às estatísticas dos miseráveis. E, como a Forbes detalhou numa investigação conjunta de Kerry A. Dolan, uma veterana da revista americana, e o incansável jornalista e activista angolano Rafael Marques de Morais, a presidência do pai favoreceu o império da filha. Isabel tem fama de trabalhar sete dias por semana para não deixar em mãos alheias o património conquistado, é um talentoso caso de estudo, alguém disse mesmo que Harvard devia estudar o talento dela. Também está bem posicionada em Portugal: Galp, BPI, NOS, BIC. Cada um faz da sua vida o que faz. O melhor que posso esperar é que esta noite Isabel dos Santos não durma assim tão bem e José Eduardo dos Santos menos ainda, e quando esta crónica sair Luaty esteja em liberdade, com todos”.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Iluminuras medievais portuguesas classificadas pela UNESCO

A FORMA E A LUZ: Iluminuras medievais portuguesas classificadas pel...: Dois manuscritos medievais portugueses foram classificados pela UNESCO com "Memória do Mundo" (clicar para ver mais).

O SOM DO DIA - 787 - a banda israelita Oy Division


A banda israelita OY Division actuou ontem na Culturgest em Lisboa.

Os Oy Division recuperam a tradição original da música Klezmer, procurando o esquecimento em que caiu a cultura da diáspora judaica, criticando assim a atitude do governo de Israel que decretou o seu esquecimento, justificando assim a imposição das políticas do Estado de Israel sobre o passado diversificado da diáspora.

Os Oy Division foram formado em 2015 em Telavive e mostram que existe um outro Israel, que não o da política extremista e militarista dos seus governos pós-Rabin.

Uma lufada de ar fresco, agora que voltam a rufar os tambores da guerra por aqueles lados.

(leiam a propósito AQUI, a crónica de Gonçalo Frota ontem editada pelo Público sobre este grupo)

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

É isto que acontece quando temos um presidente da República incompetente e que nunca despiu o fato partidário.


Já nos referimos por aqui, muitas vezes, à incompetência deste presidente da República, o pior dos últimos 40 anos e, na história da República, só suplantada por Américo Thomaz.

A confusão que está lançada no panorama político português muito deve à incapacidade deste presidente em resolver questões complicadas ou, pior ainda, à falta de imparcialidade política do mesmo.

Tudo começou quando, no actual e complexo panorama político saído das últimas eleições, e quando o presidente devia agir com serenidade e prontidão, resolveu executar manhosas manobras políticas, uma prática a que nos habitou, primeiro como líder do PSD, depois como primeiro-ministro, e agora com presidente da República.

Apressadamente convocou a sua facção política para Belém, que tinha ganho eleições mas perdido a maioria absoluta, enquanto a maioria absoluta dos eleitores escolheu votar só em forças políticas que repudiaram as política austeritárias do “seu” governo.

Sem ouvir os outros partidos políticos, faz uma comunicação ao país, uma confusa e cabalística colagem de frases feitas, onde , a única coisa perceptível, é que ia mandatar Passos Coelho tentar formar governo.

Aquilo que um presidente da República, digno da função que exerce, devia ter feito era, em primeiro lugar, ouvir todos os partidos políticos eleitos para o parlamento e, depois, mandatar o líder da coligação que ganhou as eleições tentar, no prazo máximo de uma semana, negociar condições, com os partidos da oposição, para formar um governo estável.

Para isso, em vez de dividir, como o fez no seu confuso discurso, devia liderar essas negociações, interpretando a recusa do eleitorado das medidas de austeridade, ou , pelo menos, a forma como elas foram aplicadas pelo governo da coligação. Isso implicava cedências do governo e uma verdadeira vontade de chegar ao tão apregoado “consenso” , palavra que, na boca do presidente da República faz lembra, cada vez mais, o “irrevogável” de Portas.

Caso a coligação não chegasse a bom termo, então teria de convidar o segundo partido eleito a tentar formar governo , tal como acontece em qualquer democracia avançada (até há países onde o terceiros partido já liderou, ou lidera, como na Dinamarca, um governo de coligação).

Quanto a mim, são legítimos os dois lados da argumentação, quer aqueles que defendem que deve ser convidado para formar governo o partido mais votado, quer  aqueles que interpretam que a maioria dos eleitores votou contra a austeridade, tal como ela foi aplicada pelo governo, e têm a maioria absoluta no parlamento.

E por isso parece-me que, se o presidente da República fosse um homem sensato, que não quisesse ser o líder de uma facção política, como a sua prática tem demonstrado, a situação no país estava hoje mais clarificada, reinaria o tão apregoado, mas por ela pouco praticado, consenso, e a democracia portuguesa mostrava a sua maturidade.

Foi para isto que faltou, vergonhosamente, às comemorações do 5 de Outubro?

Bastava que o presidente da República ouvisse as palavras sensatas de Adriano Moreira. 

COMEÇA HOJE : FOLIO – FESTIVAL LITERÁRIO INTERNACIONAL DE ÓBIDOS


Tem hoje início o Festival Internacional de Óbidos, que decorrerá nesta vila medieval até ao próximo dia 25 de Outubro.

O festival não será só feito de literatura, também tem musica, cinema e exposições. 

A programação, que inclui eventos de entrada livre e outros pagos, pode ser consultado AQUI.

Entretanto divulgamos uma reportagem mais completa, da autoria de Nelson Rodrigues, publicada na página online Lifecooler:

Livros, histórias e trinta por uma linha em Óbidos

por Nelson Jerónimo Rodrigues
 in Lifecooler, 14-10-2015

"Durante 11 dias, a vila medieval enche-se de escritores e leitores, músicos e ouvintes, artistas e foliões. Juntos prometem ajudar a criar o maior encontro internacional de literatura do nosso país – o FOLIO – com centenas de sessões literárias, debates e apresentações de livros, entre outros eventos. Entrelinhas haverá ainda concertos de música, sessões de teatro e espetáculos de rua, quase sempre com a língua portuguesa como protagonista. De 15 a 25 de outubro, Óbidos tem a palavra.

"Com 459 autores e criadores, 154 sessões literárias, 37 conferências e 36 concertos e espetáculos, o FOLIO não esconde a ambição de se tornar, logo à primeira edição, no maior encontro do género em Portugal. Mas a história do Festival Literário Internacional de Óbidos não começou a escrever-se do zero. Há um par de anos que a localidade faz jus ao estatuto de Vila Literária graças ao nascimento de várias livrarias em locais tão inusitados como uma antiga igreja, uma escola, uma adega ou um mercado. Se a estes locais juntarmos as muralhas do castelo e as ruas medievais encontraremos, por certo, o cenário ideal para um festival literário único.

De A(gualusa) a Z(enith)

Poucos eventos como este juntarão tantos autores por metro quadrado e todos com uma papel ativo no festival, como acontece com as aulas literárias realizadas no Museu Municipal. Por exemplo, Pedro Mexia irá falar sobre Agustina Bessa-Luís (dia 15, 15 horas), Gonçalo M. Tavares abordará a temática da cegueira a partir do livro de Saramago “Ensaio Sobre a Cegueira” (dia 18, 15 horas) e Ricard Zenith irá mostrar porque razão é considerado um dos principais especialistas mundiais sobre a vida e obra de Fernando Pessoa (dia 24, 11 horas). José Eduardo Agualusa, um dos curadores do FOLIO, também convidou Mia Couto para uma aula a meias sobre literatura africana (dia 18, 15 horas). Todas as aulas são gratuitas.

"Do programa constam ainda tertúlias literárias, como a que junta Andreia Brites, Isabel Minhós e F. Pinto do Amaral na Livraria da Adega (dia 15, 18 horas) uma maratona de leitura (dia 17, 15 horas), um seminário internacoinal sobre educação, leitura e literaturas (dias 17 e 18) e até uma Conversa de Bolso com Marcelo Rebelo de Sousa sobre o tema… “As eleições que todos querem ganhar” (dia 19, 19 horas). Entre os vários debates e encontros de escritores há um particularmente divertido sobre literatura e humor (dia 24, às 16h30, com a presença de Ricardo Araújo Pereira) e outro mais picante, sobre a relação entre os livros e o sexo (dia 22, 14h30). “Como levar a cama para a literatura e a literatura para a cama?” será a pergunta lançada pela moderadora Filipa Martins. As mesas de autores realizam-se na tenda dos escritores e a entrada custa cinco euros, enquanto os workhops, tertúlias e muitas outras atividades têm participação livre.

"O FOLIO servirá ainda de pretexto ao lançamento de vários livros, quase sempre com a presença dos autores. São os casos de Possidónio Cachapa que apresentará “Viagem ao Coração dos Pássaros” (dia 17, às 17 horas), Gonçalo M. Tavares, com “O Torcicologista, Excelência” (dia 18, 16h30) ou Gregório Duvivier (do grupo humorístico Porta dos Fundos) com “Caviar é uma Ova” (dia 23, 19 horas). Quer ver ao vivo ou pedir um autógrafo do seu escritor preferido? Aproveite a oportunidade.

Um palco para todas as artes

"Mas nem só com livros e escritores se escreve a primeira edição do FOLIO. O festival também apresenta uma surpreendente programação musical, com destaque para os Duetos Improváveis que irão juntar, por exemplo, António Zambujo e Mayra Andrade (dia 16, 22h30), Gisela João e as Bordadeiras de Óbidos (dia 22, 22h30) ou Cristina Branco e Mário Laginha (dia 24, 22h30). Os concertos realizados na Cerca do Castelo de Óbidos custam 12 euros mas há outros, como o concerto inaugural (dia 15, 21h30, na tenda concertos) com entrada grátis.

"No cinema merecem destaque os filmes que passaram obras literárias para a tela, como “Vale Abraão”, de Manoel de Oliveira, inspirado no livro homónimo de Agustina Bessa-Luís, ou “Os Mistérios de Lisboa”, realizado por Raoul Ruiz com base no livro de Camilo Castelo Branco. Já no teatro, Diogo Infante voltará a Interpretar a “Ode Marítima” de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa (dia 19, 21 horas) e Maria Rueff leva ao palco “António e Maria”, a partir da obra de António Lobo Antunes (dia . O bilhete para cada peça também custa 12 euros.

"Quem passar por Óbidos poderá assistir igualmente a várias exposições, como “Uns sem tempo, Outros sem pressas”, um conjunto de fotografias de escritores realizadas para a revista LER, “Photocall”, com caricaturas de escritores assinadas por André Carrilho, ou “A Maior Flor do Mundo de José Saramago”, que dá a conhecer o trabalho do ilustrador André Letria. Por fim, também não faltam razões para levar os seus filhos ao FOLIO e a maior delas é, provavelmente, a “Pim – Mostra de Palavras, Ilustração e Movimentos de Leitura”, que promete fazer as delícias dos mais novos na área de literatura infanto-juvenil.

"O festival abre (dias 15, 17 horas) e fecha (dia 25, 19h30) com o mesmo espetáculo ao ar livre – Elefante Salomão -, uma encenação inspirada na obra de José Saramago que percorrerá as ruas de Óbidos, a Vila Literária. Conheça aqui a programação completa e os preços dos eventos não gratuitos”.


Miguel Montenegro e os Psicopatos

BêDêZine: Miguel Montenegro e os Psicopatos: Reproduzimos no Bêdêzine uma reportagem publicada recentemente na revista do Diário de Notícias, Notícias Magazine, sobre um dos mais prometedores autores da nova BD portuguesa ...

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Quando o actual momento político traz ao de cima o que há de pior no comentário jornalístico

Costuma-se dizer que “é na curva das estradas que que vê quem é bom condutor”.

O actual momento político tem trazido ao de cima o que há de pior (e, menos, de melhor) na política nacional e, principalmente, no comentário jornalístico.

A histeria da direita e dos seus comentadores de serviço (os pequenos “gobelzinhos”, como aqui lhes costumamos chamar) tem ultrapassado as raias do bom senso e do bom gosto e tem trazido ao de cima muita da retórica anticomunista que pensávamos morta e enterrada.

À histeria dessa gente junta-se o uso e o abuso das meias-verdades, da má fé, da simples intolerância, da pura mentira, da “mera” distorção da realidade, dos velhos ódios de estimação pessoais e, quase sempre, da pura ignorância .

aqui assumi muitas críticas ao PCP , mas isso não me tem impedido de dar o meu voto ou o meu apoio conjuntural a esse partido, em parte porque, objectivamente, nalguns momentos da nossa história política, foi o único partido que defendeu, com firmeza e coerentemente,  aqueles que vivem do seu trabalho e os mais fracos da sociedade portuguesa , batendo-se com firmeza pela justiça social neste país, combatendo e denunciando o aumento da pobreza e da das desigualdades provocadas pelo “austeritarismo” imposto pelas instituições antidemocráticas da União Europeia.

No fundo tem sido dos pouco partidos, na companhia do Bloco de Esquerda ou do Livre, a manter viva a verdadeira chama da social-democracia.

Sim, da social-democracia...

A social-democracia, convém recordar, defende a justiça social, combate as desigualdades, defende quem trabalha contra os interesse do corrupto sistema financeiro, tudo lutas que, parecendo ultrapassadas nos finais do século XX, voltam a ser necessárias neste miserável início do século XXI.

Hoje, esses princípios, em vez de serem defendidos pelos partidos que se dizem herdeiros dessa social-democracia, que foi responsável pelos anos de prosperidade, paz e desenvolvimento que a Europa conheceu na segunda metade do século XX, e pela construção dos alicerces do estado social que hoje está a ser desmantelado pelas antidemocráticas instituições europeias, são renegados por esses partidos, renegando toda a sua história e participando convicta e alegremente na destruição dessa Europa, entregando o seu destino aos corruptos interesses financeiros.

Além disso, ao contrário da história da maior parte dos partidos comunistas da Europa, que sujaram as mãos na construção de violentas ditaduras no leste, renegando igualmente as suas raízes e os seus objectivos, dando origem a corruptos sistema políticos, de que são exemplo, nos nossos dias, Angola ou a China, para não falar na tenebrosa caricatura da Coreia do Norte, o Partido Comunista Português cresceu na luta contra uma ditadura e na consolidação de uma democracia, revelando-se um força política credível a nível autárquico.

Claro que, como em todo os lados, existem erros, injustiças, retóricas ridículas (a célebre “cassete”), gente execrável, e, pessoalmente, podia nomear muitas divergências em relação ao programa político desse partido.

Mas a forma primária como alguns comentadores têm vindo a encher páginas de jornais, com destaque para os “talibãs” do neoliberalismo do Observador, ou o espaço televisivo, com retóricas de puro fanatismo anticomunista primário, já começa a cansar e não augura nada de bom nem positivo para o futuro do combate ao “austeritarismo”, para além de trazer ao de cima a verdadeira natureza da maior parte da nossa comunicação social e da nível onde navega a nossa “liberdade de imprensa”…

O irrascível e pré-histórico José Milhazes foi um dos que foi mais longe no primarismo da retórica anticomunista no jornal online Observador.

O jornalista Paulo Pena submeteu essa retórica à “Prova dos Factos” e o resultado é, para além de uma grande lição de jornalismo e de interpretação de texto, o interessante “estudo”, ontem editado pelo Público, e que reproduzimos em baixo:

“PROVA DOS FACTOS

Por PAULO PENA, in  “Público” de  12/10/2015

“O PCP nunca se demarcou do estalinismo e do leninismo?

“O jornalista José Milhazes afirmou que o PCP continua a ver Estaline e Lenine como “timoneiros do povo”. Terá razão?

“A FRASE

“O Partido Comunista Português, ao que eu saiba, nunca se demarcou dos hediondos crimes cometidos por Lenine e Estaline, continua a ver nestes dois carrascos “timoneiros do povo”, sempre foi fiel e servo do Partido Comunista da União Soviética até ao fim deste.”

“O CONTEXTO

“Esta frase foi publicada num artigo de opinião do jornalista José Milhazes no jornal online Observador. O título: “Não quero participar a segunda vez no mesmo filme” sobre a possibilidade de um acordo entre PS, PCP e BE para viabilizar um possível Governo em Portugal. Como se trata de uma opinião, procuramos analisar a veracidade de um dos pontos da argumentação, tendo em conta uma latitude de interpretações que não se esgota num mero “sim” ou “não”. Uma demarcação política, como aquela que Milhazes sugere faltar ao PCP, é sempre relativa. Depende de quem avalia a demarcação. Para uns, uma demarcação será sempre insuficiente, para outros, uma mera distanciação já será uma demarcação bastante. Tentemos olhar para esta questão com distância: Haverá sempre quem considere que alguém não se demarcou suficientemente de um facto embaraçoso. A nossa vida política tem disto inúmeros exemplos.

“Mas para responder à pergunta desta Prova dos Factos existem várias fontes disponíveis. O PÚBLICO contactou para isso vários historiadores portugueses, especialistas em História do PCP. Estas são as principais conclusões. A primeira crítica do PCP a Estaline surgiu no V Congresso do partido, na clandestinidade, em 1957, na sequência da “desestalinização” promovida por Nikita Krushov. O PCP, na altura, vivia um “desvio de direita”, que Cunhal viria a “corrigir”, depois da sua fuga de Peniche, em 1961. Mas isso são outras histórias… É o próprio Cunhal que, no seu livro Partido com Paredes de Vidro retoma a crítica: “O V Congresso, realizado em 1957, estimulado também pelo desvendar do culto da personalidade de Stáline e de todas as suas negativas consequências, instituiu normas de democracia interna e inseriu-as nos Estatutos do Partido então aprovados." (p.88). Pode-se alegar que a crítica a Estaline é mitigada. Cunhal, mais uma vez, em 1990, já depois da queda do Muro de Berlim, deu uma entrevista mais clara. Os entrevistadores, do Independente, eram Miguel Esteves Cardoso e Paulo Portas. Sobre Estaline, Cunhal disse o seguinte: “Eu não vou aqui propor ou sugerir a leitura, mas eu escrevi muitas páginas sobre a caracterização do estalinismo. O estalinismo é isto, e isto, e isto. E uma coisa que não queremos e que repudiamos. O estalinismo como ideologia, como acção política, como organização do Estado, como organização do partido, como intervenção antidemocrática interna ou externa do partido. Naturalmente que rejeitamos. Aliás, há um país muito acusado de métodos estalinistas, a Roménia. Já nós, os comunistas portugueses, tínhamos grande dificuldade de contactos com o Partido Comunista Romeno.”

“Outra questão, completamente diferente, é a da relação do PCP com Lenine. Neste caso, o partido não só se continua a afirmar como “marxista-leninista”, como não concordará com a expressão “hediondos crimes” usada pelo jornalista. Porém, no mesmo livro de Álvaro Cunhal, existe uma crítica à “infalibilidade” das referências comunistas: “Mas ser leninista não consiste em endeusar Lénine, em utilizar cada frase de Lénine como verdade universal, eterna e intocável, em substituir a análise pela citação, em responder aos acontecimentos através de afirmações de Lénine, mesmo quando se trata de novos fenómenos que Lénine não conheceu no seu tempo, em abafar, com a transcrição de textos e com a presença dominadora do nome e da efígie e da autoridade desse nome e dessa efígie, a investigação, a análise e o espírito criativo no estudo e interpretação dos novos fenómenos .” (pág.140).

“OS FACTOS

“Para o PCP, a “demarcação” bastante faz-se quando o partido afirma que “tem a sua própria concepção de socialismo e o seu próprio projecto para a edificação em Portugal de uma sociedade socialista”. O que significa que não vê em Lenine ou Estaline, ou Castro, ou qualquer outro modelo de sociedade socialista, um exemplo a seguir. Pelo contrário, o PCP afirma ter objectivos que se “diferenciam e distanciam” dessas práticas. No seu programa “Uma Democracia Avançada no Limiar do Século XXI”, o partido demarca-se da experiência da URSS e do antigo “bloco de Leste”. “Nesses países (…) acabou por instaurar-se (…) um "modelo" que violou características essenciais de uma sociedade socialista e se afastou, contrariou e afrontou aspectos essenciais dos ideais comunistas.” Exemplos disso? “Um poder excessivamente centralizado nas mãos de uma burocracia (…) a acentuação do carácter autoritário do Estado (…) uma economia excessivamente estatizada (…) um centralismo burocrático baseado na imposição (…) confusão das funções do Estado e do partido (…); “um distanciamento entre os governantes e as massas, o uso indevido do poder político, o abuso da autoridade, a não correspondência da política e das realidades com os objectivos definidos e proclamados do socialismo, desvios e deformações incompatíveis com a sua natureza.”

“EM RESUMO


“Cada um fará a sua interpretação, à luz das suas próprias convicções, se a demarcação face a Estaline é proporcional à gravidade dos crimes conhecidos do ex-líder soviético. Mas neste caso, parece indiscutível que houve um repúdio público do PCP e do seu histórico líder Álvaro Cunhal sobre aquele período histórico. Uma situação diferente é a de Lenine. Aí, o PCP continua a defender o seu legado teórico, embora procure distanciar-se de qualquer “culto da personalidade”. Ou seja, a expressão “timoneiros do povo” não é aplicada a nenhum dos dois por nenhum documento do PCP. Quanto ao “seguidismo” em relação à União Soviética, essa ainda é uma matéria controversa na historiografia”.