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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Antoine Deltour, um Herói do nosso tempo a precisar do apoio e ajuda de todos os cidadãos europeus ( ele denunciou a falta de ética no LuxLeaks  e está agora a contas com a justiça do Luxemburgo)


Rui Tavares dedica a sua crónica no Público desta Segunda-Feira "Ao Delator Desconhecido", entretanto revelado pelo jornal Libération: LuxLeaks : «J’ai agi par conviction, la cohérence était d’assumer».

Trata-se de Antoine Delatour, um jovem de 28 anos, antigo trabalhador da empresa de consultoria PWC (PricewaterhouseCoopers), empresa especializada  em esquemas legais "facilitadores" da fuga de grandes empresas multinacionais ao pagamento de impostos, o esquema que está em caso no LuxLeaks.

Como já aqui referimos e Rui Tavares recorda, o Luxemburgo, durante o governo de Jean-Claude Juncker, actual presidente da Comissão Europeia, montou um esquema legal que permitiu a grandes empresas multinacionais, a operar na Europa, fugirem ao pagamento de impostos em vários países da UE, ente eles Portugal, calculando-se que, por ano, muitos  desses países, muitos sujeitos a um severo programa de austeridade imposto pela Comissão Europeia e iniciado com a colaboração do Eurogrupo, quando era liderado por Juncker, perderam, em impostos não cobrados a essas empresas, mais de um milhão de milhões de euros (...por ano!!!), enquanto o Luxemburgo, de Juncker, lucrou imenso com o negócio.

Para além de toda a imoralidade da situação, numa altura em que a própria União Europeia impõe aos cidadãos europeus um programa de empobrecimento e perda de direitos, com a desculpa de não haver dinheiro, não só é grave que Juncker continue impávido e sereno no seu cargo, com o apoio do "centrão" à escala europeia, como se continue a impor um programa de austeridade aos cidadãos da Europa.

Mas, o mais caricato de tudo, é que um tribunal luxemburguês, como refere também Rui Tavares, abriu um processo de investigação, não para apuramento do esquema de corrupção ética do seu governo, mas para condenar o autor da fuga de informação que permitiu que se soubesse do esquema.

Sabe-se agora que o "dealtor" é um jovem francês, Antoine Deltour.

O que vai acontecer agora é que, quem vai ser condenado pela situação vai ser este jovem que agiu como qualquer pessoa de bem devia agir,denunciando um esquema imoral de roubo legal de bens que deviam pertencer aos cidadãos da Europa e que foram usados em proveito de um Estado que apenas produz esquemas financeiros de ética duvidosa.

Num mundo a precisar de "Heróis" e farto de "vilões" (como os que enxameiam as instituições europeias e financeiras), Antoine Deltour é um verdadeiro herói dos nossos tempos.

É tempo de os cidadãos europeus abrirem os olhos e tudo fazerem, não só para proteger e defender Deltour do ataque que vai sofrer por parte do poder da Comissão Europeia e das grandes multinacionais que beneficiaram com o esquema, como virar o feitiço contra o feiticeiro e começarem a questionar a burocracia e os políticos que lideram a Europa, apenas em benefício do corrupto sistema financeiros.



sábado, 6 de dezembro de 2014

À CUSTA DE TANTO VIAJAR PASSOS COELHO OU JÁ NÃO CONHECE O PAÍS ONDE VIVE OU PERDEU-SE NO PAÍS DAS MARAVILHAS: Passos diz que economia estava aprisionada e que "donos do país estão a desaparecer"

Depois de se sair com mais uma das suas alarvidades mentirosas, dizendo que em Portugal "não foi o mexilhão que se lixou" com a crise e a austeridade, saiu-se com outro disparate ao afirmar que, graças ao seu governo "os donos do país estão a desaparecer".


Ficamos assim a saber que, para Passos Coelho, os "donos do país" eram os desempregados que ele provocou com as suas políticas, eram os jovens que ele empurrou para a emigração, eram os pensionistas que viram as suas míseras pensões serem cortadas, eram os trabalhadores a quem ele retirou direitos sociais e cortou vencimentos, ou os cidadãos que sofreram um "brutal aumento de impostos".

Ou o mexilhão que lhe serviram estava estragado ou, à custa de tanto viajar, Passos Coelho já não sabe em que país anda, ou perdeu-se na floresta do País das Maravilhas da Alice.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

ONU recomenda abandono progressivo das medidas de austeridade em Portugal


Segundo notícia ontem divulgada pela Lusa “O Conselho Social e Económico das Nações Unidas (CES-ONU) considera que a ajuda externa teve um "impacto adverso" nos direitos económicos, sociais e culturais em Portugal, defendendo o progressivo abandono das medidas de austeridade com a recuperação económica”.

"O conselho nota com preocupação que, apesar das iniciativas tomadas para mitigar o impacto económico e social das medidas de austeridade adoptadas no âmbito do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro, a crise económica e financeira teve um impacto adverso no usufruto dos direitos económicos, sociais e culturais da maioria da população, em particular nos direitos dos trabalhadores, segurança social, habitação, saúde e educação", lembrando “ a obrigação do Estado de proteger os mais desfavorecidos para sublinhar a necessidade de ir abandonando as medidas de austeridade à medida que a economia recupera.

Ainda segundo aquela notícia, este relatório “é a quarta avaliação da transposição dos princípios do Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais, que Portugal assinou em 1978, para a legislação portuguesa, e resulta de um conjunto de reuniões entre a delegação portuguesa e o comité das Nações Unidas responsável por avaliar o cumprimento dos princípios do tratado pelo Estado português”.

Aquele  Conselho chama ainda  a atenção do Estado português “para a sua carta [enviada a todos os Estados membros] de 16 de maio de 2012, em particular para as recomendações sobre os requisitos para a aplicação de medidas de austeridade", nomeadamente a parte onde se lê que estas medidas "só podem ser aplicadas se forem temporárias, necessárias e proporcionais, e não discriminatórias ou que afectem de forma desproporcional os directos das pessoas e grupos mais desfavorecidos e marginalizados".

Por isso a ONU “recomenda uma "revisão" das políticas adoptadas durante e depois do programa de ajustamento, "com vista a garantir que as medidas de austeridade são progressivamente abandonadas e que a protecção efectiva dos direitos no âmbito do Tratado seja melhorada em linha com o progresso atingido na recuperação económica pós-crise".
Lembra ainda "a obrigação do Estado, ao abrigo do tratado, de respeitar, proteger e fazer cumprir progressivamente os direitos económicos, sociais e culturais, até ao máximo dos recursos disponíveis".


O mesmo Comité “recomenda que o Estado aumente os esforços para reduzir o desemprego, em particular o desemprego entre os jovens, para atingir progressivamente a completa realização do direito ao emprego", que é um dos direitos contemplados no Pacto que Portugal assinou em 1978, e no âmbito do qual são feitas avaliações de cinco em cinco anos sobre a transposição destes princípios para a legislação em vigor em cada um dos países que assinaram o tratado”.

ONU recomenda abandono progressivo das medidas de austeridade em Portugal (clicar para ler artigo inteiro)

A estas recomendações podemos juntar  a corajosa intervenção recente do Papa Francisco no Parlamento Europeu que, coerentemente com as suas posições críticas contra a desumanidade do sistema financeiro, criticou a crescente desumanização imposta pelos líderes europeus com a primazia que dão ao económico sobre o humano, reduzindo o ser humano “a mera engrenagem num mecanismo que o torna um bem de consumo descartável” denunciando “o tecnicismo burocrático” das instituições europeias”.

Ao que parece por cá essas duas posições, uma da ONU, outra do Papa Fancisco, criticando os fundamentos ideológicos da troika e da maior parte do discurso político e dos comentadores de serviço, não faz grande mossa.

Um crescendo de relatórios internacionais tem vindo também a denunciar o impacto das medidas de empobrecimento levadas a cabo em Portugal e nos países do sul da Europa, bem como a perda de direitos dos trabalhadores e dos cidadãos europeus em geral, sem que tal provoque qualquer reacção ou, quanto muito, reacções de enfado de políticos, comentadores e economistas.

Revelando que não respeitam, quer as opiniões da ONU , quer as opiniões do Papa sobre este assunto, tivemos ainda recentemente a burocracia europeia e insistir na austeridade para Portugal e uma Ministra das Finanças subserviente a garantir a manutenção dessas medidas.
Por sua vez o enfadado Presidente da República continua surdo e mudo em relação a essas denuncias contra a austeridade, que ele tem apoiado, preocupado com o impacto que qualquer atitude que questione a austeridade imposta a Portugal possa ter nos “mercados”.

O próprio ministro da economia procura transmitir a idéia contrária àquelas criticas, fazendo crer a melhoria da nossa  imagem lá fora, junto dos mesmos “mercados”.


Ou seja, Presidente da República,  governantes e comentadores em geral estão mais preocupados com a imagem internacional do país perante os tais “mercados” (leia-se, especuladores financeiros, banqueiros que se especializaram no branqueamento de capitais com origem na fuga de impostos e negócios menos lícitos – droga, armamento, prostituição-, detentores de fortunas obtidas com desrespeito pelos mais elementares direitos humanos e democráticos oriundas dos chamado “países emergentes” – Rússia, China, Angola, México, ìndia…- e subservientes instituições da burocracia europeia dominada por políticos de carreira), do que aquilo que respeitáveis instituições internacionais possam pensar e dizer sobre o assunto e a imagem que estas transmitem de Portugal.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Morreu Bobby Keys que era um Rolling Stones... sem o ser






Faleceu terça-feira Bobby Keys, o saxofonista dos The Rolling Stones. Era uma daquelas figuras que, estando em segundo plano, não fazendo oficialmente parte do grupo, fazia parte do lado invisível do sucesso do grupo e era imprescindível para acentuar o som dos "Stones". É dele um dos momentos mais importantes do tema  Brown Sugar.

Participou em todos os álbuns e digressões do grupo entre 1969 e 1973, voltando a integra a equipa das digressões dos Rolling Stones na década de 80, sendo um dos músicos que esteve presente na última aparição do grupo em Portugal, no Rock in Rio do ano passado.

Bobby Keys esteve por detrás do som "blue" de vários músicos e bandas, como Buddy Holly, Jonh Lennon, BB King, Eric Clapton, Joe Cocker ou os Lynard Skynyrd, entre outros.

Actuava muitas vezes com grupos quase desconhecidos em espectáculos em bares e na rua.
A sua biografia mais completa pode ser lida  AQUI , no artigo que o jornalista Mário Lopes, do Público , lhe dedica.
Em sua memória aqui deixamos uma das sua últimas actuações:

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O Céu de Torres Vedras visto da minha casa, neste final de tarde





Austeridade Aumenta a Pobreza infantil em Portugal


Segundo dados ontem revelados pelo INE, os portugueses casam cada vez menos e mais tarde e têm cada vez menos filhos e também mais tarde.

Mais grave, mas causado pela mesma situação, o efeito das medidas de austeridade, o mesmo relatório revela o aumento do risco de pobreza entre as crianças portugueses, que se aproxima dos 30%.

A situação, que tinha melhorado entre 2005 e 2011, agravou-se significativamente nos últimos anos, com a austeridade aplicada aos mais vulneráveis, ao retirar o abono de família a mais 500 mil crianças e ao provocar que mais 120 mil ficassem dependentes de ajudas para escapar à fome!!! É OBRA!!!

Num relatório recentemente publicado pela Convenção dos Direitos da Criança para Portugal concluiu-se que "a austeridade conduz à negação ou violação dos Direitos da Criança".

A questão da pobreza infantil em Portugal foi recentemente alvo de uma reportagem da Euronews, que em baixo pode ser vista:


Será que esta "má imagem" de Portugal também preocupa o sr. Cavaco? 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Sobre o 1º de Dezembro - entre a reflexão e o humor..


Não deixa de ser significativo que este governo tenha escolhido esta data para extinguir como dia de feriado.

Para poderem vender o país ao desbarato a chineses, angolanos, brasileiros, alemães e árabes, sem complexos, nada melhor do que fazer esquecer a data que recorda a independência do país.

Não deixa ainda de ser significativo que, os mesmos que fazem questão de aparecer cínicamente com a bandeira portuguesa na lapela, sejam os mesmos que destruiram a frágil coesão social e os limitados direitos sociais que foram construidos em Portugal no pós 25 de Abril, usando o simbolismo da abolição da data para agradar à troika, aos "mercados" e à srª Merkel, sem coragem para defenderem os interesses dos cidadãos portugueses nas corruptas instituições europeias, 

Não deixa de ser ainda curioso que tenha sido um governo de direita a fazê-lo, facto que, contudo, só causará espanto a quem não conhece a história da própria direita portuguesa, sempre mais preocupada com os seus negócios e em agradar aos "estrangeiros" e aos "mercados", os "novos filipes", do que em resolver os problemas dos portugueses.

Se tivessem lido a célebre frase do General DeGaulle, segundo o qual o "patriotismo é o amor pelo seu próprio povo e o nacionalismo o ódio pelos outros povos", talvez não houvesse tanta confusão nas cabecinhas neoliberais dos nossos governantes, confundindo a defesa do país, do seu povo e da sua memória (o patriotismo simbolizado pela data do 1º de Dezembro) com qualquer nacionalismo bacoco que foi usado e abusado pela propaganda do Estado Novo e da extrema-direita para "queimar" aquela data.

Está ainda por provar a utilidade da abolição dos feriados. Pelo que se sabe, Portugal já era dos países onde se trabalhava mais tempo na Europa, não sendo este o problema.Também, que se saiba, a abolição dos feriados não trouxe mais riqueza aos portugueses, antes pelo contrário, nem diminui significativamente o déficit, ao mesmo tempo que a dívida continua a crescer para níveis incomportáveis. 

A abolição dos feriados foi um dos mais abjectos e falaciosos actos deste governo, reveladores de uma mentalidade subserviente,  de ignorantes e cobardes.

Para ajudar a reflectir sobre o simbolismo da data e da sua abolição, nada melhor do que reproduzir algumas imagens e cartoon´s , sem esquecer, no final, uma icónica imagem que reproduz um dos momentos da restauração de 1640, para recordar aos indigentes governantes, de forma simbólica,  o final que conheceram os que, nesse tempo, se submeteram ou representaram a "troika" de então: