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quinta-feira, 30 de maio de 2013

Esta Noite em Lisboa: Peter Murphy - Mr. Moonlight Tour

Passa esta noite por Lisboa, no Coliseu dos Recreios, o "Mr. Moonlight Tour", que comemora os 35 anos sobre a fundação dos Bauhaus.

o ex-vocalista e fundador daquele grupo post punk, Peter Murphy (ver AQUI o seu site oficial), que iniciou uma interessante carreira a solo a partir de 1983, quando a banda foi dissolvida, realiza pela primeira vez um espectáculo a solo onde incluirá exclusivamente temas dos Bauhaus, a banda fundada em 1978.

Hoje era o dia do feriado do Corpo de Deus.

 (Fonte: Público)
Hoje era dia de feriado, o Dia do Corpo de Deus. 

É também o primeiro feriado a sentir o efeito da decisão deste governo em cortar quatro feriados em Portugal, tudo em nome do "desenvolvimento" e da "eficácia" economica.
De lamentar, igualmente, foi a cedência da Igreja aos argumentos do governo para aceitar cortes nos feriados. 

Ora, em pleno século XXI, a produtividade e a eficácia da economia não dependem da quantidade do trabalho, mas da sua qualidade e rentabilidade.

Ao que parece, mesmo com cortes nos feriados, cortes nos salários, aumentos do horário de trabalho, a situação financeira e económica do país vai continuara a agravar-se nos próximos anos.

Estou curios por conhecer um estudo económico que comprove a utilidade da extinção dos feriados.

A demagogia desta gente não tem limites...


Bruno Nogueira: «Onde há Marinho Pinto há garraiada e há berraria»

A melhor maneira de encarar a boçalidade e as palermices do bastonário da ordem dos advogados, Marinho Pinto, é através do humor.
A propósito da vergonhosa actuação do dito bastonário na última edição do prós e contras, onde se debatia a lei recentemente aprovada da coadoção de casais homossexuais, Bruno Nogueira fez uma intervenção humorística que pode ser ouvida no site em baixo.
Marinho Pinto, para além de não deixar ninguém falar ou argumentar até ao fim, fez graves afirmações, principalmente no final da primeira parte daquele programa, que também podem ser confirmadas num dos links do site em baixo, lançando a idéia de  o "lobbie" homossexual estar "infiltrado" no aparelho de estado, na comunicação social e nas empresas, em "tudo o que é poder em Portugal", com o objectivo de "condicionar as decisões públicas". 
Tudo isso no mesmo estilo como que os nazis usavam os mesmos argumentos contra os judeus.
Felizmente, depois deste debate, já existe um movimento de indignação de advogados , contra as afirmações desse senhor.
Só me espanta como é que os advogados deste país continuam a votar em Marinho Pinto para ser o seu bastonário...

União Europeia investiga Passos Coelho, Miguel Relvas e Tecnoforma.



Esperemos que, como é costume, não se fique apenas pelas intenções, e que, mais uma vez, não se fique apenas pelo levantar de suspeitas sem se chegue a uma conclusão.

É do interesse dos visados e dos cidadãos deste país que, mais uma vez, a culpa não morra solteira.









quarta-feira, 29 de maio de 2013

CARTA ABERTA DO ACTOR RUY DE CARVALHO AOS GOVERNANTES DESTE POBRE PAÍS…




“Senhores Ministros:

“Tenho 86 anos, e modéstia à parte, sempre honrei o meu país pela forma como o representei em todos os palcos, portugueses e estrangeiros, sem pedir nada em troca senão respeito, consideração, abertura – sobretudo aos novos talentos -, e seriedade na forma como o Estado encara o meu papel como cidadão e como artista.

“Vivi a guerra de 39/45 com o mesmo cinto com que todos os portugueses apertaram as ilhargas. Sofri a mordaça de um regime que durante 48 anos reprimiu tudo o que era cultura e liberdade de um povo para o qual sempre tive o maior orgulho em trabalhar. Sofri como todos, os condicionamentos da descolonização. Vivi o 25 de Abril com uma esperança renovada, e alegrei-me pela conquista do voto, como se isso fosse um epítome libertador.

“Subi aos palcos centenas, senão milhares de vezes, da forma que melhor sei, porque para tal muito trabalhei.

“Continuei a votar, a despeito das mentiras que os políticos utilizaram para me afastar do Teatro Nacional. Contudo, voltei a esse teatro pelo respeito que o meu público me merece, muito embora já coxo pelo desencanto das políticas culturais de todos os partidos, sem excepção, porque todos vós sois cúmplices da acrescida miséria com que se tem pintado o panorama cultural português.

“Hoje, para o Fisco, deixei de ser Actor…e comigo, todos os meus colegas Actores e restantes Artistas destes país - colegas que muito prezo e gostava de poder defender.
“Tudo isto ao fim de setenta anos de carreira! É fascinante.

“Francamente, não sei para que servem as comendas, as medalhas e as Ordens, que de vez em quando me penduram ao peito?

“Tenho 86 anos, volto a dizer, para que ninguém esqueça o meu direito a não ser incomodado pela raiva miudinha de um Ministério das Finanças, que insiste em afirmar, perante o silêncio do Primeiro-Ministro e os olhos baixos do Presidente da República, de que eu não sou actor, que não tenho direito aos benefícios fiscais, que estão consagrados na lei, e que o meu trabalho não pode ser considerado como propriedade intelectual.

“Tenho pena de ter chegado a esta idade para assistir angustiado à rapina com que o fisco está a executar o músculo da cultura portuguesa. Estamos a reduzir tudo a zero... a zeros, dando cobertura a uma gigantesca transferência dos rendimentos de quem nada tem para os que têm cada vez mais.

“É lamentável e vergonhoso que não haja um único político com honestidade suficiente para se demarcar desta estúpida cumplicidade entre a incompetência e a maldade de quem foi eleito com toda a boa vontade, para conscientemente delapidar a esperança e o arbítrio de quem, afinal de contas, já nem nas anedotas é o verdadeiro dono de Portugal: nós todos!

“É infame que o Direito e a Jurisprudência Comunitárias sirvam só para sustentar pontualmente as mentiras e os joguinhos de poder dos responsáveis governamentais, cujo curriculum, até hoje, tem manifestamente dado pouca relevância ao contexto da evolução sociocultural do nosso povo. A cegueira dos senhores do poder afasta-me do voto, da confiança política, e mais grave ainda, da vontade de conviver com quem não me respeita e tem de mim a imagem de mais um velho, de alguém que se pode abusiva e irresponsavelmente tirar direitos e aumentar deveres.

“É lamentável que o senhor Ministro das Finanças, não saiba o que são Direitos Conexos, e não queiram entender que um actor é sempre autor das suas interpretações – com direitos conexos, e que um intérprete e/ou executante não rege a vida dos outros por normas de Exel ou por ordens “superiores”, nem se esconde atrás de discursos catitas ou tiradas eleitoralistas para justificar o injustificável, institucionalizando o roubo, a falta de respeito como prática dos governos, de todos os governos, que, ao invés de procurarem a cumplicidade dos cidadãos, se servem da frieza tributária para fragilizar as esperanças e a honestidade de quem trabalha, de quem verdadeiramente trabalha.

“Acima de tudo, Senhores Ministros, o que mais me agride, nem é o facto dos senhores prometerem resolver a coisa, e nada fazer, porque isso já é característica dos governos: o anunciar medidas e depois voltar atrás. Também não é o facto de pôr em dúvida a minha honestidade intelectual, embora isso me magoe de sobremaneira. É sobretudo o nojo pela forma como os seus serviços se dirigem aos contribuintes, tratando-nos como criminosos, ou potenciais delinquentes, sem olharem para trás, com uma arrogância autista que os leva a não verem que há um tempo para tudo, particularmente para serem educados com quem gera riqueza neste país, e naquilo que mais me toca em especial, que já é tempo de serem respeitadores da importância dos artistas, e que devem sê-lo sem medos e invejas desta nossa capacidade de combinar verdade cénica com artifício, que é no fundo esse nosso dom de criar, de ser co-autores, na forma, dos textos que representamos.

“Permitam-me do alto dos meus 86 anos deixar-lhes um conselho: aproveitem e aprendam rapidamente, porque não tem muito tempo já. Aprendam que quando um povo se sacrifica pelo seu país, essa gente, é digna do maior respeito... porque quem não consegue respeitar, jamais será merecedor de respeito!”

RUY DE CARVALHO

terça-feira, 28 de maio de 2013

Escritor Mia Couto ganha Prémio Camões - ...homenagem num poema:

Para Ti 

Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"


Escritor Mia Couto ganha Prémio Camões - PÚBLICO(clicar para ler).

Os Cedros do Líbano - o mundo "perdido" de Fouad Elkhoury no Photomed.

O jornal Libération  divulgou alguns dos trabalhos do fotógrafo libanês Fouad Elkoury  (aceder AQUI à sua página pessoal), nascido em França em 1952, alvo de uma exposição de homenagem no festival Photomed que se realiza em Toulon, dedicado à temática do Mediterrâneo.

As fotografias de Fouad Elkoury revelam um Líbano já desaparecido na voragem dos conflitos e das guerras que têm dilacerado aquela outrora belo país, herdeiro da velha civilização Fenícia.

Esse festival de fotografia teve início no passado dia 23 de Maio e prolonga-se até 16 de Junho naquela cidade francesa do mediterrâneo.

sábado, 25 de maio de 2013

Livro, o elo mais fraco da crise: "Os livreiros no seu labirinto".

No momento em que decorre mais uma ediçãod a Feira do Livro de Lisboa, vale a pena ler esta interessante reportagem do jornal Público sobre a crise do Livro e dos Livreiros em Portugal, bem elucidativa da realidade cultural do nosso país.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A CRÓNICA DE JOSÉ MANUEL PUREZA: Acima das nossas possibilidades .



A treta de "andámos a viver acima das nossas possibilidades" para justificar todas as malfeitorias contra cidadãos em geral, pensionistas, funcionários públicos e trabalhadores em particular é bem desmascarada neste artigo de José Manuel Pureza:

quarta-feira, 15 de maio de 2013

...Enquanto se aguarda a final de logo à noite, recordem aqui as finais europeias dos clubes portugueses:

 (Foto de Cris Toala Olivares/Reuters/ Público)

Começa Hoje a 66º edição do Festival de Cannes

O prestigiado festival de cinema de Cannes (podem aceder AQUI ao seu site oficial) abre hoje as suas portas, com a exibição de mais uma adaptação de "O Grande Gatsby", a obra prima de Scott Fitzgerald.

O filme, que estreia amanhã em Portugal, é aguardado com grande expectativa. Realizado pelo australiano Baz Luhrmann conta com Leonardo DiCaprio no papel principal .

Mas este não vai ser o único grande filme a marcar esta edição. No site em baixo é possivel ver a apresentação daqueles que são considerados os dez filmes mais importantes deste Festival.

Par nos lembrar da nossa verdadeira dimensão:O Sol em actividade..

 Ontem foi dia de grande actividade solar, reproduzida no site em baixo:

terça-feira, 14 de maio de 2013

"Estudos" à OCDE...um relatório à medida de Passos Coelho.




Cada vez desconfio mais da objectividade e das “boas intenções” de estudos de organizações como a OCDE.
Esses estudos, para além de revelarem um conhecimento parcial das “realidades” ou dos países que “estudam”, parecem basear-se em dados parciais e manipulados, muitas vezes aqueles que os próprios governos lhes fornecem.

Aliás, é significativo que o "estudo" agora publicado tenha sido hoje apresentado com o próprio interessado nas suas conclusões, Passos Coelho, sentado na mesa da conferência de apresentação, situação reveladora da "independência" desse relatório.
 
Para além disso, esses estudos revelam quase sempre um forte preconceito contra trabalhadores, sindicatos, direitos sociais, e uma grande parcimónia para com especuladores financeiros, lucros do grande capital, muitos deles de origem duvidosa, ou para com os  paraísos fiscais e a corrupção fiscal. 
Aliás, o modelo que essas instituições, às quais podemos juntar um FMI, um BCE ou uma Comissão Europeia, parecem defender como modelo de “desenvolvimento”, pelo menos para o sul da Europa, é o modelo de trabalho e condições sociais e salariais de um Bangladesh ou de uma China.   
Mas nada disso é de admirar se tivermos em conta que os burocratas, que são contratados para essas instituições, todos eles muito bem pagos e sem contacto com a realidade dos cidadãos europeus,  passam pelo crivo da ideologia neoliberal dominante em universidades de economia de onde saem esses quadros, com uma visão formatada da sociedade, do mundo do trabalho, do mundo empresarial e financeiro.

Quem pensar fora da lógica do sistema neoliberal nunca encontrará emprego nessas instituições.
 
Não é por isso de admirar a coincidência entre os estudos dessas instituições e a as opiniões políticas dominantes na União Europeia.

 Sobre o assunto merece alguma atenção a audição da crónica de hoje de Nicolau Santos, as Contas do Dia,  na Antena 1:

quarta-feira, 8 de maio de 2013

A Verdade das Mentiras- Santana Castilho desmascara Marques Mendes:



 (Fonte da Imagem: A Educação do Meu Umbigo).

É assim que se “faz” opinião pública em Portugal.


Hoje em dia a maior parte do “jornalismo” que se faz, em especial na televisão, o órgão de comunicação social com maior influência e expansão, baseia-se em comentários de comentários, sem confirmar os “factos” debitados.


Mesmo que esses comentários sejam desmascarados pelos factos, pela correcta análise das notícias, pela investigação séria ou pela realidade, o que passa é a opinião e a mentira debitada por tão “objectivos” comentadores, até porque os “jornalistas” raramente procuram confirmar ou contra-argumentar, com uma investigação cuidada (aliás, faz-se cada vez menos investigação com interesse, com a estafada desculpa das dificuldades financeiras, que não existem, contudo, para pagar principescamente à maior parte desses comentadores…). 


Num país de políticos "semianalfabetos" ou de analfabetismo funcional, quem que se apresenta bem engravatado, bem falante e mostrando uns gráficos bem feitos, repetindo até à exaustão as suas “verdades”, ganha imediatamente credibilidade na opinião pública e os seus argumentos são usados até à exaustão pelo público em geral, nos blogues,  nos fóruns públicos e nas conversas de café.


Para mim, um comentador devia ser alguém que conhecesse o assunto que aborda, com dados objectivos e, preferencialmente, sem ligações ao poder político.


Mas, com raras e honrosas excepções (Pacheco Pereira é uma dessas raras excepções), não é isso que se passa. Nas televisões enxameiam os comentadores que “sabem” de tudo , do futebol à economia, da política à culinária, e quase todos com um passado pelos partidos do “arco do poder” ou futuros candidatos a cargos do poder.


Hoje em dia, a melhor maneira de manipular a opinião pública é mostrar uns gráficos bem desenhados e comparar o que , muitas vezes, é incomparável ou apenas comparar parte da realidade, muitas vezes mera manipulação estatística.


A moda começou com o Medina Carreira e agora tem seguidores por todos os lados.


O último e escandaloso caso aconteceu com a “conversa” de Marques Mendes, o cada vez mais porta-voz não oficial do governo de Passos Coelho e da Presidência da  República (que são cada vez mais a mesma coisa), para justificar os cortes no número de professores.


Em baixo transcrevemos o artigo de Santana Castilho, hoje publicado no jornal Público, onde se desmonta as falácias e manipulações de Marques Mendes, do qual destacamos a seguinte passagem, bem elucidativa dessa manipulação:


Marques Mendes colocou, lado a lado no écran, o 2º e o 3º gráficos e foi claro nas explicações acessórias: o crescimento dos professores fez-se em contraciclo; os governos anteriores falharam, fazendo crescer os professores à taxa de 53%, enquanto os alunos diminuíam à taxa de 51%. Só que, quando comparamos o incomparável, corremos o risco de passar de pavão a espanador. Marques Mendes, ao dizer na SIC, como disse, que os professores cresceram 53%, passando de 95.400 em 1980, para 146.200 em 2010, usou o número de professores respeitantes a todo o sistema escolar não superior (1º. 2º e 3º ciclos do ensino básico, mais o ensino secundário). Como é evidente para qualquer, Marques Mendes só poderia relacionar o decréscimo dos alunos do 1º ciclo com a evolução do número de professores do 1º ciclo. E o que aconteceu a esse universo de professores? Cresceu 53% como disse o descuidado comentador? Coisíssima nenhuma! Em 1980 tínhamos 39.926. Em 2010 eram 31.293. Não cresceram na disparatada percentagem com que Marques Mendes enganou o auditório da SIC..”.

Também o blogue "A EDUCAÇÃO DO MEU UMBIGO" desmascara as mentiras de Marques Mendes.


O estilo falacioso de Marques Mendes também tem tido os seus seguidores nos últimos tempos entre vários comentadores , quando falam do “peso”  dos funcionários públicos ou dos “privilégios” dos pensionistas do Estado.


Mas isso é outra história.


Por agora convidamo-los a ler integralmente o texto de Santana Castilho:



Marques Mendes errou grosseiramente na SIC


de Santana Castilho  in  Público, Quarta-feira, 8 de Maio de 2013



“Marques Mendes referiu-se à situação dos professores portugueses, no sábado passado, durante o programa de análise política que mantém na SIC. Fê-lo com ligeireza. Evidenciou desconhecimento. Adulterou a verdade. Os erros em que incorreu serviriam para validar a tese oficial de que temos professores a mais e legitimariam os despedimentos futuros, se não fossem corrigidos. Marques Mendes apresentou três gráficos. O primeiro mostrava a evolução do número total de alunos, de 1980 a 2010. O segundo fazia o mesmo exercício, circunscrito aos alunos do 1º ciclo do ensino básico, para concluir que, entre 1980 e 2010, perdemos 51% desses alunos. E o terceiro gráfico dizia-nos que, no mesmo período, isto é, de 1980 a 2010, o número de professores tinha crescido 53%. Para que dúvidas não restassem, Marques Mendes colocou, lado a lado no écran, o 2º e o 3º gráficos e foi claro nas explicações acessórias: o crescimento dos professores fez-se em contraciclo; os governos anteriores falharam, fazendo crescer os professores à taxa de 53%, enquanto os alunos diminuíam à taxa de 51%. Só que, quando comparamos o incomparável, corremos o risco de passar de pavão a espanador. Marques Mendes, ao dizer na SIC, como disse, que os professores cresceram 53%, passando de 95.400 em 1980, para 146.200 em 2010, usou o número de professores respeitantes a todo o sistema escolar não superior (1º. 2º e 3º ciclos do ensino básico, mais o ensino secundário). Como é evidente para qualquer, Marques Mendes só poderia relacionar o decréscimo dos alunos do 1º ciclo com a evolução do número de professores do 1º ciclo. E o que aconteceu a esse universo de professores? Cresceu 53% como disse o descuidado comentador? Coisíssima nenhuma! Em 1980 tínhamos 39.926. Em 2010 eram 31.293. Não cresceram na disparatada percentagem com que Marques Mendes enganou o auditório da SIC. Outrossim, registou-se uma diminuição de 8.633 professores.



“Dir-se-á, removido o disparate, que a diminuição de professores não foi proporcional ao decréscimo de alunos, no ciclo de estudos em análise. Outra coisa não seria de esperar, considerando as alterações curriculares introduzidas nos 30 anos em apreço. Cito, a mero título de exemplo, a escola a tempo inteiro, que aumentou drasticamente a permanência dos alunos na escola, a introdução do Inglês no ensino básico, as actividades de enriquecimento curricular, as múltiplas modalidades de apoio a alunos carenciados, a diminuição das reprovações e a forte redução do abandono escolar. Se extrapolarmos estas considerações para o ensino secundário, não pode ser ignorado o novo regime da escolaridade obrigatória de 12 anos nem, tão-pouco, a circunstância de o número de professores que Marques Mendes situa em 2010 (146.200) ser hoje, em 2013, bem mais baixo: 111.704 (uma redução, de 2010 para 2013, de 34.496 docentes). Que isto não caiba na folha de Excel de Gaspar, que não acerta uma, já não surpreende. Que seja menosprezado pela insensibilidade e demagogia de Passos Coelho, cuja palavra vale nada, já é normal. Que tenha passado ao lado do rigor que se esperaria de quem ajuda a formar a opinião pública, no momento em que os funcionários públicos, em geral, e os professores, em particular, estão condenados a carregar a albarda pesada da incompetência do Governo, é intolerável. É péssimo serviço público. É serviço sujo.



“A diminuição da natalidade está muito longe de explicar a brutal redução do número de professores. O erro grosseiro de Marques Mendes ajudou a branquear o impacto de sucessivas medidas, cujo intuito se centrou, exclusivamente, em ganhos financeiros, a saber: encerramento de milhares de escolas, com a deslocação compulsiva de vastas populações de crianças de tenra idade e a correlata criação de criminosos giga-agrupamentos, inéditos no mundo civilizado; redução dos tempos lectivos de algumas disciplinas e abolição de outras; aumento do número de alunos por turma; aumento da carga horária dos professores; drástica redução das iniciativas de segunda oportunidade para os que abandonaram precocemente o sistema formal de ensino; e transferência para o Instituto de Emprego e Formação Profissional de valências que, antes, pertenciam às escolas públicas. Como se não tivéssemos 3.500.000 cidadãos, com mais de 15 anos, sem qualquer diploma ou apenas com a certificação do ensino básico. Como se não tivéssemos 1.500.000 cidadãos, entre os 25 e os 44 anos, que não concluíram o ensino secundário. Como se fosse possível crescer economicamente travando, sem critério nem visão, um esforço de 30 anos. Os 30 anos que Marques Mendes mal centrou na desfocada fotografia que revelou na SIC.



Marques Mendes não citou as suas fontes. As minhas foram: D.R., DGEEC/MEC, Pordata, “50 Anos de Estatísticas de Educação”- GEPE e INE”.