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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O Cromo da Semana: "É tempo de saber quem quer ficar agarrado a velhas tradições" - Passos Coelho

Ontem o sr. Primeiro-ministro esteve especialmente inspirado no exercício da bacorada gratuita.
Efeitos da época carnavalesca? Ou será o poder que lhe está a subir à cabeça?

Primeiro cromo, em tom de ameaça: “é tempo de saber quem quer ficar agarrado a velhas tradições”.
Pensava eu que o "pós-modernismo"  estava morto e enterrado. Enganei-me redondamente.

Foi em nome do combate à “tradição” que, em Portugal, se confundiu desenvolvimento económico com a destruição das pescas, da agricultura e da indústria.
Foi em nome do combate à “tradição” que, por cá, se abandonou à pior sorte a já de si rudimentar rede de transportes públicos em nome do “progresso”, coroando o transporte privado motorizado, com custos económicos, energético e ambientais cada vez mais incomportáveis.
Foi em nome do combate à “tradição” que se destruiu a dimensão humana do comércio tradicional, em nome do “progresso” da implantação de centenas (milhares?), de mega superfícies comerciais e centros comerciais, apelando a um consumo desenfreado e convidando-nos a viver “acima das nossas possibilidades”, com a alegre complacência da banca, gerando o círculo vicioso do endividamento privado, que nos colocou na situação actual.
Foi em nome do combate à “tradição” que se destruiu a nossa paisagem rural e o nosso património urbano, duas mais valias que hoje tanto nos fazem falta para concorrer internacionalmente na actividade turística: a primeira rasgada por auto-estradas de duvidosa utilidade e enxameada por moinhos eólicos semeados sem regras e produzindo em benefício de poucos, já que a energia continua cada dia mais cara para os consumidores,: o segundo desvalorizado pela vizinhança de alarves urbanizações “à Taveira”, estádios de futebol de gosto arquitectónico duvidoso e tomadas pelo alcatrão em benefício do automóvel e em detrimento dos peões.
Em nome do combate à “tradição” promoveu-se a “cultura pimba”, em detrimento da valorização da nossa identidade cultural e histórica.
Agora, em nome do combate à “tradição”, abolem-se feriados e o direito ao descanso e ao lazer.

Segundo cromo: para o primeiro-ministro, pode saber-se os custos de um feriado, “basta[ando] (…) dividir o nosso PIB pelos dias de trabalho”!!!!. ....e os "nossos" economistas e  comentadores, sempre tão prontos em defender mais austeridade e a redução dos direitos de quem trabalha, não vêem agora protestar contra tal alarvidade?
Então, para sabermos quanto custa um dia de trabalho, dividimos o PIB por dias de trabalho? Que aldrabice, que falta de rigor, que ignorância estatística! …

Ao ouvir tamanhas alarvidades os portugueses, de facto, como pediu também ontem  o senhor primeiro-ministro, no terceiro Cromo do dia, devem começar a ser “menos piegas” e "complacentes" e a reagirem com cada vez maior indignação e revolta a tanta ignorância e boçalidade da nossa classe política, principalmente esta geração provinciana e inculta formada nas "jotas"....
É tempo de saber quem quer ficar agarrado a velhas tradições - Expresso.pt (clicar para ler reportagem sobre as afirmações do primeiro ministro).






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