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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Pelos direitos de Israel e da Palestina, contra o terrorismo, o outro e o de Estado..

Já o disse:

Defendo o direito de existência do Estado de Israel;

Reconheço a violência e a hostilidade contra Israel ao longo das últimas décadas.

Mas considero também que tem faltado discernimento por parte dos líderes políticos israelitas, cuja atitude irresponsável, principalmente depois do assassinato de Rabin, em muito tem contribuído para potenciar a violência contra os cidadão de Israel.

Aquilo que estes governos de Israel têm feito aos palestinianos em nada abona a favor das posições políticas de Israel.

Felizmente são cada vez mais as vozes dentro de Israel e entre os judeus de todo o mundo que questionam a atitude desses governos.

Aquilo que aconteceu ontem, com o ataque terrorista por parte de militares israelitas contra um navio de ajuda humanitária deve ser condenado sem contemplações, para bem da sobrevivência física e moral do próprio Estado de Israel.

Por ironia do destino esse ataque aconteceu no dia em que foi noticiada a morte de Lova Eliav, uma das figuras históricas da esquerda israelita, que tinha 89 anos.

Lova Eliav era opositor da política de colonização dos territórios palestinos, foi por duas vezes deputado pelo Partido Trabalhista, do qual foi secretário-geral em 1970.

Ganhou ainda o Prémio de Israel, a mais alta condecoração civil do país, devido às suas actividades educativas. Nascido em Moscovo, emigrou para a Palestina em 1924.

Foi um exemplo da existência de muitos israelitas que estão contra a utilização do terrorismo de Estado para combater o terrorismo de alguns sectores palestinianos.

A propósito da gravidade da situação humanitária na Faixa de Gaza, convido-vos a seguir AQUI a reportagem sobre esse território, em Banda Desenhada, da autoria de Chappatte, para a revista Suíça Le Temps.

Grupo de Bailado de Olga Roriz interpreta Stravinsky

(fotografia de Paulo Alexandrino)

No último Sábado tive a oportunidade de assistir à estreia da coreografia de Olga Roriz para a Sagração da Primavera.

Este espectáculo foi uma encomenda do Centro Cultural de Belém feita àquela consagrada bailarina/coreógrafa, contando com um introdução composta por Luís Tinoco que fez a ponte com a obra de Stravinsky.

A actuação de 22 bailarinos foi acompanhada pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida pelo maestro Cesário Costa.

No Sábado passado comemorava-se o 97º aniversário da estreia da Sagração da Primavera no Teatro dos Campos Elísios, em Paris, obra que encerrava uma trilogia de bailados composta por Stravinsky para os “Ballets Russos” de Diaghliev. As outras duas obras foram o Pássaro de Fogo e Petrushka, estreadas, respectivamente, em 1910 e 1911.

A coreografia de Olga Roriz consegue transmitir toda a força e dramatismo da obra, com beleza e irreverência e criatividade.

Até ao próximo dia 3 de Junho é possível assistir a este excelente espectáculo no Centro Cultural de Belém por preços que variam entre os 5 e os 25 euros…muito menos que um bilhete para o futebol ou para o “Rock in Rio”.

O fotógrafo Paulo Alexandrino captou AQUI alguns dos momentos dos ensaios para esta coreografia .

Sócrates, Alegre e o presente envenenado...

A direcção do PS, por imposição de Sócrates, lá se decidiu pelo apoio à candidatura presidencial de Manuel Alegre.

Sócrates, com essa decisão, distribui um presente envenenado a muita gente:

- em primeiro lugar ao próprio Manuel Alegre que a partir de agora perde toda a irreverência da sua primeira candidatura, calando-se uma das vozes mais incómodas para o próprio Sócrates;

- em segundo lugar ao Bloco de Esquerda, pois vai ser muito irónico ver Louçã de braço dado com Sócrates em comícios de campanha de Alegre;

-por último, à esquerda em geral, comprometendo-a com a política de Sócrates, já que agora “todos”, ou quase todos, navegam no mesmo barco eleitoral.

Quem se deve estar a rir com tudo isto é o próprio Cavaco Silva.

Pela minha parte, cada vez estou menos arrependido de apoiar Fernando Nobre, a única candidatura inovadora e irreverente que, a partir de agora, se encontra no terreno.

domingo, 30 de maio de 2010

Um Adeus a Dennis Hopper

(A última aparição pública  de Dennis Hopper, em Março passado)

Se tivesse de elaborar uma lista com os cem filmes que mais me marcaram, fariam parte dessa lista mais de uma dezena de filmes interpretados por Dennis Hopper.

De facto, Hopper era um daqueles autores que desmentia a máxima de Orson Welles segundo a qual um bom realizador até de um cavalo fazia um bom actor.

Embora tenha participado em muita porcaria (um homem tem de comer…) Hopper conseguia sempre um acrescentar valor fosse qual fosse o papel que incarnasse.

Na hora da despedida desse grande senhor do cinema, que também foi realizador, recordo aqui algumas das suas participações mais marcantes:

Começou por desempenhar papéis secundários em filmes com Fúria de Viver (1955) e Johnny Guitar(1956), ambos de Nicholas Ray, ou n’ O Gigante de Goerge Stevens, ocasião de contracenar com o “gigante” James Dean.

Mas foi com Easy Rider, de 1969, realizado por si próprio, que Hoopper entrou pela porta grande do cinema.

Seguiram-se depois actuações soberbas no Apocalipse Now (1979) e no Rumble Fish (1983) ambos realizados por Copolla, no Blue Velvet(1986) de David Lynch ou no Amigo Americano(1997) de Wim Wenders.

Foram várias dezenas de filmes, onde muitas vezes os papéis desempenhados por Hooper se impuseram à própria importância das obras.

Politicamente foi um dos perseguidos durante o macartismo, altura em que dedicou à fotografia para sobreviver, revelando-se igualmente um grande fotógrafo, escolhendo o mundo de Hollyood como tema, tornando-se mais tarde um empenhado republicano, mas com uma postura independente que o levou a apoiar Obama nas últimas eleições.

Com a morte de Dennis Hopper o cinema perde uma das suas últimas grande estrelas. No cinema ele continua imortal.

 Algumas fotografias da autoria de Dennis Hoper:














Andy Warhol, acima fotografado por Hopper, também reproduziu o actor numa das suas obras, em baixo:


sábado, 29 de maio de 2010

Solidário!

Embora, por razões pessoais, não possa estar presente na Manifestação de Lisboa, quero assumir aqui a minha solidariedade e a deste blogue com a organização desse protesto e com todos os que nela participam.

É urgente que o país que trabalha e produz revele a sua indignação contra as medidas que são dirigidas sempre contra os mesmos, deixando de fora os verdadeiros responsáveis pelo descalabro financeiro e económico que se vive.

As últimas daquela que se espera uma manifestação bastante participada, podem ser seguida AQUI e AQUI.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O Respigo da Semana - Baptista Bastos e a "Crise"

"A tendência da servidão

por BAPTISTA-BASTOS

in Diário de Notícias, 25 de Maio de 2010

"O Público, cuja prudência na afirmação é correlativa à recusa da metáfora, colocou na primeira página de 23 de Maio, entalada entre Mourinho e a conclusão da série de televisão Perdidos, uma acusação terrível: "As causas que amarram a economia ao marasmo. Um problema que começou com Cavaco e com Guterres." O distinto periódico não só se distraiu no cacófato como acordou um pouco tarde para uma evidência conhecida há duas décadas.

"O dr. Cavaco encheu o País de betão inútil. Recebeu oceanos de dinheiro para resolver dificuldades essenciais (repito: essenciais) e deu um tratamento uniforme aos problemas relativos ao desenvolvimento. Confundiu tudo. É um dos maiores embustes políticos de que há memória. O eng.º Guterres fez o percurso de interpretação clássica: o mal está na educação. Era a sua paixão ardorosa e a apoquentação da sua alma repleta de piedosas referências. O Cavaleiro de Oliveira escreveu que vivíamos numa "fermosa estrivaria." Guterres, num "pântano". Fugiu e escancarou as portas à direita mais abstrusa.

"Se o nosso presente está ameaçado pela própria contingência da realidade que o envolve, deve-se a estes senhores, e a muitos mais outros, a perda da unidade de sentido que faz funcionar um país, uma nação. Tudo o que foi ministro da Economia e das Finanças tem passado pelas televisões apresentando respostas para a crise que não previram, ou que anteviram e não avisaram, ou que fomentaram por negligência e inépcia. Agora, são todos sábios e enunciam algo de semelhante ao fim da pátria tal como a conhecemos, e ao ocaso da democracia por ausência de cidadania. Enfim, dizem, a nossa tendência é a da servidão.

"Fomos os "alunos exemplares" de Bruxelas: aceitámos a destruição do nosso tecido produtivo com a submissão de quem não foi habituado a expor questões e a enumerar perguntas. Pescas, agricultura, tecelagem, metalurgia, pequenas e médias empresas desapareceram na voragem, em nome da "incorporação" europeia. A lista de cúmplices desta barbaridade é enorme. Andam todos por aí. Guterres trata dos famintos do Terceiro Mundo; Barroso, dos "egocratas" de barriga cheia; os economistas que nos afundaram tratam da vidinha, com desenvolta disposição. Nenhum é responsável do crime; e passam ao lado da insatisfação e da decepção permanentes, como cães por vinha vindimada.

"Impuseram-nos modos de viver, crenças (a mais sinistra das quais: a da magnitude do "mercado"), um outro estilo de existência, e o conceito da irredutibilidade do "sistema." Tratam-nos como dados estatísticos, porque o carácter relacional do poder estabelece-se entre quem domina e quem é dominado - ou quem não se importa de o ser".

quarta-feira, 26 de maio de 2010

... Europa ao fundo!

Por mim, penso que isto já não vai lá com greves gerais ou manifestações certinhas e ordeiras num capital isolada de um país europeu.

O descalabro financeiro da Europa é de tal ordem e os dirigentes políticos e financeiros , assim como os economistas, mostram um tal desacerto e uma tal cegueira nas soluções apresentadas e um tal desrespeito pelos cidadãos em geral e, em particular, pelos trabalhadores e empresários produtivos, que só uma mudança radical de regime na Europa pode dar ainda às futuras gerações alguma esperança de futuro.

Neste momento , só um Greve Geral , juntamente com manifestações em várias capitais, convocadas para a mesma hora e para o mesmo dia em toda a Europa ou, pelo menos, nos países ( Portugal, Grécia, Irlanda, Itália, Espanha, Inglaterra e França) que estão a ser alvo de um verdadeiro ataque terrorista por parte dos decisores financeiros dos bancos, da bolsa, das empresas de rating e da corrupta classe política governante, pode obrigar essa gente a tomar as medidas de que todos nós precisamos e que são, a saber:

- a transformação da Europa numa verdadeira comunidade económico-social, com direitos e deveres sociais, impostos, preços e salários idênticos em todos os países;

- um combate concertado em toda a Europa contra a fuga ao fisco , contra o branqueamento de capital com origem mafiosa e contra a corrupção económica e financeira;

- a ilegalização dos off-shores, com a confiscação de todos os bens aí depositados por cidadãos, empresas ou bancos europeus;

- a criação de uma empresa europeia de rating, credível e independente do sistema financeiro;

- o combate à desigualdade social, tomando medidas para encurtar, num prazo de dez anos, o leque de rendimentos obtidos pelo trabalho para um máximo de 1 por 10 em toda a Europa comunitária;

- um controle apertado sobre operações bolsistas e financeiras;

- a imposição de uma percentagem mínima de 50% de acções controladas por quem trabalha e é proprietário das empresas;

- regras apertadas para o funcionamento dos bancos;

-combate, por todos os meios , a todo o tipo de operações especulativas;

-desenvolvimento concertado entre toda a Europa de uma rede bem organizada de transportes públicos, rápidos, baratos e eficientes;

- uma aposta forte na melhoria dos sectores educativo, de saúde e de justiça, sectores que devem ser maioritariamente controlados pelos Estados;

- combate, nas estâncias internacionais, ao dumping social praticado pelas chamadas potências emergentes;

- combater por todos os meios o desemprego;

- aumentar a qualificação dos europeus;

- incentivar o uso e a produção de energias alternativas e de “produtos verdes”;

- incentivar a industria cultural europeia.

Infelizmente, nem uma destas medidas vai ser aplicada ou sequer defendida pela classe política e pelos economistas europeus.

Vão continuar a defender as medidas de sempre, como a desvalorização do poder salarial dos trabalhadores, a manutenção de incentivos e privilégios para as actividades especulativas, deixando arruinar as actividades empresariais verdadeiramente produtivas, continuando a incentivar roubo programado aos rendimentos dos cidadãos, através do aumento de impostos e da redução de salários e benefícios sociais.

Quando já nada restar para satisfazer a ganância de uns poucos, a Europa transformar-se-á num continente empobrecido, politicamente fraco, sem forças para continuar a sua caminhada, alvo fácil de guerras e pilhagens de todo o tipo.

Entretanto, os responsáveis já estarão longe, nos seus paraísos fiscais, vivendo do que saquearam à população Europeia.

Se não é isto que querem para vocês e, principalmente, para os vossos filhos, então, de uma vez por toda, unam-se e combatam por todos os meios legítimos ao vosso alcance a corja que governa, financeira e politicamente esta Europa dos nossos tristes dias….

terça-feira, 25 de maio de 2010

The XX em Lisboa

É hoje na Aula Magna que se pode ouvir os THE XX, uma das bandas mais originais e criativas do momento.
Eu não posso.
Bom espectáculo para os sortudos...
Fica AQUI um aperitivo

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O Rosto da Crise

("A evolução dos parasitas")

Costuma dizer-se que é nas curvas apertadas da estrada que se revelam os bons condutores.

Infelizmente, nesta “curva apertada” em que se está a tornar a “crise”, o que se tem vindo a revelar, em termos políticos, económicos e financeiros, é a proliferação de maus “condutores”, e mais grave ainda, que andam a “conduzir” mal desde que têm responsabilidades. Só não se deu pela sua má “condução” há mais tempo, porque só tinham “conduzido” em linha recta, em “via dupla”, sem “movimento” contrário e em “carros” seguros e de alta cilindrada.

Um desses “condutores” tem um nome e um rosto: chama-se Victor Constâncio.

Segundo a biografia oficial, entrou para o Banco de Portugal em 1975, como “Director do Departamento de Estatística e Estudos Económicos. Foi Vice-Governador em 1977, 1979 e em 1981-84. Exerceu as funções de Governador em 1985 e em 2000-10, integrando o Banco Central Europeu e integrando o Conselho do. Em 2010 foi nomeado Vice-Presidente” deste Banco.

O seu ordenado mensal é de mais de 17 mil euros, fora mordomias várias.

Não deixa de ser curioso ouvi-lo a pôr a hipótese de redução salarial para os trabalhadores do público e privado, caso as medidas tomadas pelos governos europeus, e em especial o português, não surtam o efeito desejado.

Acontece que o sr. Constâncio não é propriamente um anjinho, caído agora de pára-quedas no meio da crise.

Conforma se vê na sua biografia oficial, está desde longa data ligado ao Banco de Portugal, instituição, paga por todos nós para supervisionar as instituições financeiras.

Toda gente sabe que a grande crise financeira que atravessamos foi provocada pela forma irresponsável como as instituições financeiras usaram o dinheiro dos seus depositantes, através de um apelo agressivo ao consumo e ao crédito fácil, na ânsia da obtenção rápida de lucros com os juros assim obtidos.

O conjunto dos nove maiores bancos portugueses, acreditando que esse maná ia durar sempre, endividaram-se na banca mundial num montante equivalente ao PIB nacional.

Agora, com a crise, estão aflitos com o juro desse empréstimo e procuram que seja o Estado, através do aumento de impostos e da “contenção salarial”, quiçá reduzindo os já parcos salários portugueses, que crie condições, junto das criminosas agências de rating, par que esse juro possa baixar, de modo a regressarem aos lucros chorudos do passado.

E o que é que fez aquele senhor, durante todo o tempo em que liderou o Banco de Portugal? Nada, a não ser um constante apelo à contenção salarial dos outros.

Se em Portugal existe um rosto responsável pela crise que todos estamos a pagar, esse rosto é o de Vítor Constâncio.

Qual foi a pena em que foi condenado por tanta irresponsabilidade? Um “tacho” ainda maior e mais bem pago no BCE.

Sobre a credibilidade desse sr. e das instituições que representa, estamos falados…

domingo, 23 de maio de 2010

Os Campos Elísios transformados no maior jardim de Paris.

Durou apenas este fim-de-semana, mas foi o suficiente para revolucionar a imagem dos sempre movimentados Campos Elísios parisienses.

Integrado no projecto “Nature Capital”, aquela avenida ficou coberta de plantas de todos os géneros e feitios oriunda da flora mais representativa de França.

O efeito deste jardim efémero pode ser apreciado neste conjunto de fotografias:









sábado, 22 de maio de 2010

No dia Mundial da Biodiversidade


O dia de hoje é um dos pontos altos do ano internacional da biodiversidade.
Infelizmente, e segundo muitos referem, o que se tem feito em defesa da biodiversidade fica muito àquem da urgência em salvaguardar o risco de extinção a que estão sujeitas quase 40% das espécies da Terra.
A defesa da biodiversidade esbarra frequentemente com interesses obscuros, para além do facto das espécies não humanas não darem votos ou pagarem impostos.
Aliás este dia comemora-se quando no Golfo do México um dos maiores desastres ecológicos de que há memória continua a não ter fim à vista.
De qualquer modo sugerimos que neste dia visitem algumas páginas da net que aqui sugerimos: o dossier do Público, a página da Quercus, e a página do projecto "Bioeventos".

sexta-feira, 21 de maio de 2010

As idéias mais originais e criativas continuam a falar francês...

Noticia o Público de hoje que os liceus franceses vão ter à sua disposição um “cineclube virtual com 200 títulos do cinema clássico, de O Desprezo a Citizen Kane (…) para serem incluídos nas aulas de Literatura ou História ou mesmo para que, em aulas extras, sejam mostrados aos alunos”.

Tem esse projecto a designação de Cinélycée.

Esta iniciativa vem na sequência da reforma das escolas secundárias francesas, iniciada no ano passado, tendo então o Presidente Nicolas Sarkozy defendido a criação nas escolas “de um equivalente moderno ao antigo cineclube”.

"Vivemos numa situação improvável e perigosa, em que a cultura cinematográfica dos nossos alunos parece inversamente proporcional à quantidade - que é imensa - de imagens e vídeos que consomem todos os dias", disse Sarkozy, citado pelo jornal The Independent. "É urgente desenvolver o seu olhar crítico e ancorar a sua relação com a imagem em movimento numa herança cultural." .

Ainda de acordo com a mesma notícia, o ministro da Cultura, Frédéric Mitterand, “defendeu o visionamento de filmes clássicos não só para conhecimento cinematográfico, mas também para educar sobre a realidade do século XXI. "Citizen Kane é um filme notável para se perceber as maquinações do poder, as maquinações da ambição", disse Mitterand na quarta-feira. "Podemos compará-lo com figuras contemporâneas que são ambiciosas, que querem conseguir algo, e temos uma maneira extraordinária para as perceber".

Referindo-se a esse projecto o conhecido realizador Costa Gravas, presidente da Cinemateca francesa, defendeu que, se ensinamos " literatura, música e teatro na escola”, é importante “ ensinar também cinema (...) porque as imagens têm um papel na nossa sociedade e é muito importante aprender a descodificar as imagens”.

Pessoalmente, enquanto estive ligado ao movimento cineclubista defendi, aí pelos anos 80 do século passado, que era fundamental, para a sobrevivência dos cineclubes, uma maior ligação às escolas, considerando até a importância pedagógica de se aprender a ver cinema, num mundo dominado pelos códigos da imagem.

Considerava mesmo que sairia mais barato apostar na criação de um público informado e formado para o cinema, do que os apoios que já então se davam à produção individualizada.

Mais recentemente tenho defendido a utilização do cinema na escola com objectivos pedagógicos, uma forma mais credível de ocupar os tempos livres dos alunos na escola do que as famigeradas e destabilizadoras aulas de substituição.

Claro que equipar as escolas nesse sentido teria alguns custos, mas seriam rapidamente e rentabilizados pelos efeitos culturais assim obtidos.

Pode ser que alguém com responsabilidades na estrutura do ensino em Portugal, que veja o ensino para lá das estatísticas ou das preocupações financeiras, leia aquela notícia inspiradora e adapte o modelo ao nosso ensino.

Recorde-se que o nosso país teve, e ainda tem nalgumas localidades, um dinâmico e criativo movimento cineclubista.

È pena que as nossas elites andem mais preocupadas com as questões financeiras e menos com as questões culturais e educativas. Aquelas não têm grande futuro. Estas são o futuro.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Os "Portugueses" e o fim da "festa" do "capitalismo popular"...

O presidente da Caixa Geral de Depósitos, frente a uma plateia de banqueiros e economistas, avisou que “temos de mudar radicalmente de vida. O nosso nível de vida vai baixar”.

Provavelmente aquela gente ali presente devia ser a primeira a mudar radicalmente de vida, cortando nas mordomias a que têm acesso, como ordenados principescos, reformas douradas, escandalosos prémios de “desempenho” ( o desempenho dos mesmos está à vista), ajudas de custo que davam para pagar muita reforma social e por aí fora…

Contudo, rapidamente a comunicação social se apressou esclarecer que aquela mensagem não se destinaria àquela gente aí presente, mas aos “portugueses” em geral.

Ainda há pouco, pelo canto do olho enquanto tomava o café da manhã, ouvia uma “imberbe” jornalista de economia da TVI, comentando aquela mesma frase, reforçando a ideia de que os “portugueses” tinham de se deixar de habituar a “ter vários cartões de crédito”, “dois carros” e “várias casas” …!

Os “portugueses”?

Em que mundo é que vive essa gente?

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Os "Mercados"...



No meio da “euforia geral” com as medidas de rigor orçamental tomadas na Europa e, em particular, em Portugal, economistas, banqueiros, ex-ministros das finanças, gestores de topo e comentadores de economia, aproveitam para lançar a confusão com frases feitas, pondo tudo no mesmo barco.

Uma dessas frases feitas é  a falácia como falam no “mercado” , para justificar a situação actual.

Mas,   que “mercado” é esse, o tal que “pressiona” as os governos europeus para tomerem medidas de “rigor” e que andam “nervosos” com a instabilidade financeira?

Numa sociedade capitalista “justa” (!) o “mercado” éramos todos nós, os produtores e consumidores, os que mantemos o sistema económico em funcionamento.

Numa sociedade capitalista “justa” (!) o “mercado” era dominado por pequenos e médios accionistas que teriam, por essa via, o controle maioritário sobre as próprias empresas onde trabalhavam ou sobre os sectores chave da economia essenciais à qualidade de vida dos cidadãos.

Numa sociedade capitalista “justa” o leque de rendimentos não ultrapassaria a distância de 1 para 10, sendo que no topo estavam os mais qualificados (professores catedráticos, investigadores, juízes e médicos cirurgiões) e os que tinham cargos de maior responsabilidade (presidente da República e primeiro-ministro), isto porque, na sociedade capitalista a liberdade de cada um mede-se pelo seu rendimento.

Contudo, os “mercados” a que aqueles se referem, como se fossem os “donos” da economia e da decisões económico-sociais de um país e de um continente, são, única e exclusivamente, os sectores especulativos financeiros (a bolsa, os bancos, as empresas de rating…), exactamente aqueles que levaram a Europa e o país para o descalabro e cuja chantagem atemoriza tanto os fracos e comprometidos governos europeus e, pelos vistos, tanto agradam aos nossos comentadores de economia , que se “babam” todos cada vez que falam em “medidas de rigor”, como se não fosse nada com eles (e provavelmente não é, pois muitos deles estão ligados a esses mesmos interesses, de forma directa ou indirecta – quem controla financeiramente a comunicação social? Quem controla financeiramente as escolas de economia? Quem dá empregos aos professores e alunos dessas escolas?...).

Seria bom recordar aqui que esses mesmos comentadores e esses mesmos “mercados” ainda há poucos meses “mendigavam” apoio financeiro dos governos para salvar esse sector e agora, esses mesmos, vêm exigir contenção nos deficits públicos, em grande parte agigantados por esses apoios, não à custa da regulamentação rigorosa e firme dos “mercados”, mas através da “contenção” do rendimento dos funcionários públicos, da estagnação do investimento público, do aumento dos impostos sobre quem trabalha e quem produz e dos cortes sociais de apoio às principais vítimas de toda esta situação, os mais pobres e os desempregados.

Algumas dessas medidas até podiam ser aceitáveis na actual situação se, em paralelo, fossem tomadas medidas no sector financeiro, através de uma regulamentação mais rigorosa da sua actividade, através da ilegalização dos off-shores, penalizando judicialmente e financeiramente, com coragem e consequências, a utilização desses sectores para o branqueamento de dinheiro oriundo do mundo do crime, da fuga aos impostos e da fraude económico-financeira, na criação de uma empresa europeia de rating credível e independente, e na investigação a nível Europeu das práticas financeiras que levaram a esta situação, com consequências para os responsáveis.

O tal “mercado” que “anda nervoso”, exige mais “medidas de rigor” é, por isso pouco credível e deve ser combatido como um cancro na economia Europeia do Século XXI.

terça-feira, 18 de maio de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ministros das Finaças da UE reunem...para quê?

(Cartoon de Quino - clicar na imagem para ver maior)


Parece que hoje vão reunir em Bruxelas os Ministros das Finanças da União Europeia.

Dessa reunião só podem ser esperadas duas coisas:

Ou a cedência habitual à chantagem das agências de rating e aos obscuros interesses financeiros mundiais (aquilo que eufemísticamente os serviçais dessa gente designa por “mercados”), apertando ainda mais o cinto ao capital produtivo, aos trabalhadores e aos contribuintes ;

Ou tomam medidas corajosas:

• em primeiro lugar responsabilizando o BCE e o seu patético presidente pela incapacidade em prever e encontrar soluções para a crise;

• em segundo lugar combatendo frontalmente a especulação financeira, começando por assumir os off-shores como actividade criminosa de fuga ao fisco e denunciando os interesses que movem as empresas de rating, tomando a iniciativa de criar uma agência de rating europeia independente dos criminosos interesse especulativos;

• em terceiro lugar seguir a sugestão do presidente da Grécia de investigar o papel que os grandes bancos (em especial os norte-americanos) tiveram na eclosão da crise financeira, que é aliás o que o presidente Obama está a fazer no seu país, investigando os seis maiores bancos de Wall Street. Segundo Papandreou, o objectivo dessa iniciativa que ele tomou para a Grécia, mas que devia ser seguida para toda a Europa, é pretender saber “que tipo de práticas contribuíram para o descalabro nos mercados financeiros”, admitindo processaros bancos “que possam ter contribuído, com as suas práticas” para a crise financeira;

• em quarto lugar, tomar medidas drástica de regularização dos mercados financeiros.

Infelizmente não acredito nas medidas “corajosas” dessa gente, pois ninguém “morde” na mão que lhe dá de comer.

Se mais uma vez saírem daí medidas para que sejam os de sempre a continuar a pagar a crise, pela minha parte, e contra as minhas convicções, não contem nunca mais com o meu voto em eleições europeias.

Para o bem da Europa, espero estar enganado.

( A propósito, leiam a interessante entrevista que João Ermida deu ao Público de hoje. Ele conheceu por dentro o mundo da bolsa e, desgostoso com o que viu, resolveu denunciar, em livro, a forma como esse mundo funciona e decide da vida de milhões de pessoas).

A Tailândia à beira da Guerra Civil



Os protestos contra o governo continuaram durante este Domingo, como documentam as imagens das agências internacionais.
Amanhã aguarda-se o agravar da situação, com a previsível intervenção em força do exército.
















sábado, 15 de maio de 2010

Kanellos, o cão "revolucionário"





Para salvar o euro, os mandões da EU resolveram alinhara pela velha receita de penalizar quem trabalha e quem não tem hipóteses de “fugir” aos impostos.

Tanta “coragem” para enfrentar os pobres e a cada vez mais enfraquecida “classe média”, contrasta com a forma como cedem à chantagem dos poderosos e obscuros interesses financeiros que todos os dias lançam milhões na miséria.

Foram incapazes que ilegalizar de vez os “off-shores” e denunciar os interesses que estão por detrás das empresas de rating, ou de impor o fim dos prémios aos gestores de “topo”, de controlar os chorudos ordenados ou acabar com as reformas de gente oriunda das grandes empresas financeiras e públicas, ou cobrar aos lucros cada vez maiores dos grandes bancos , das grandes empresas financeiras ou das grandes seguradoras, a mesma percentagem que exigem a quem trabalha e/ou a quem produz.

A crise foi provocada por uns tantos gananciosos que nunca fizeram mais nada na vida do que especular na bolsa, explorar mão-de-obra barata, fazerem-se à gestão de empresas públicas, acumularem reformas douradas, confundindo-se e cruzando-se muitas vezes com interesses obscuros ligados à indústria de armamento, ao comércio de droga, ao crime ambiental, escapando ao fisco através do branqueando os seus lucros em “off-shores”.

São eles que, directa ou indirectamente, mais ou menos às claras, pagam às agências de rating para que estas, com as suas recomendações, possam justificar o saque sobre os que trabalham e os que produzem, através das medidas tomadas pelos seus “rapazes” de serviço que estão à frente da maioria das instituições e dos governos da Europa.

Os gregos já perceberam isso, de forma violenta. Outros povos europeus se seguirão.

No meio da confusão, um cão surge como herói, um verdadeiro “revolucionário”, sempre do lado certo da barricada, à laia de exemplo de combatividade.

Chama-se Kanellos e tem aparecido em tudo o que é manifestação nas ruas de Atenas desde 2008, tornando-se já um símbolo.

É caso para dizer que até um cão sabe qual é o lado da barricada em que se deve colocar, na “guerra civil” europeia entre o grande capital especulativo e financeiro, por um lado, e os que trabalham, criam e produzem, por outro.