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terça-feira, 30 de junho de 2009

Cinco Imagens para um dia (30 de Junho de 2009)

O desespero de uma mulher que perdeu familiares no acidente desta manhã no Índico (fotografia tirada no aeroporto de Marselha, da autoria de Claude Paris/AP)


Um pescador indiano pescando no lago Vembarnd, em Kochi. Mais um dia de luta pela sobrevivência (Reuters)


A primeira tragédia do dia, durante a madrugada. A explosão de um comboio numa cidade italiana provoca 15 mortos, 30 desaparecidos e dezenas de feridos (fotografia de Lorenzo Galassi/AP).



Nas Filipinas, trabalhadores despedidos de uma fábrica da Triumph, protestam arremessando soutiens (foto de Romeo Ranoco/Reuters)



Fãs de Michael Jackson, junto da estrela do musico, no Passeio da Fama (foto de Charlie Redel/AP).

Faleceu Pina Bausch


Faleceu hoje a coreógrafa e bailarina alemã Pina Bausch, com 68 anos.
A famosa e inovadora coreógrafa faleceu cinco dias depois de tomar conhecimento de que tinha um cancro.
Ainda no último Domingo tinha actuado com a sua companhia.
A coreógrafa alemã, de seu nome verdadeiro Josephine Bausch, revolucionou o mundio da dança com as suas coreografias arrojadas e fortemente expressionistas, às quais os portugueses puderam assistir por diversas ocasiões.
O mundo das artes e da dança perde assim um dos seus vultos mais irreverentes e criativos.


Ordens do Dia de Beresford (4) - Junho de 1809

Este foi um mês com pouca produção de Ordens do Dia (OD).
A sua maior parte refere-se a ordenar promoções ou a distribuir comandos militares.
Das poucas notas que saiam do carácter mais formal das ordens militares destaca-se uma em que o “Marechal Beresford, Commandante em Chefe do Exercito, admirou-se bastante de ver a somma exorbitante, que se tem pago ás Milicias, que trabalhão nas Fortificações desta Villa [de Abrantes], a qual nas presentes circunstancias do Governo não se póde admittir, nem mesmo em tempo algum. A paga que se dá aos Soldados por trabalharem, he só destinada para os indemnizar daquelle fato que rompem, pois estão dispensados de todo o serviço: Determina por tanto o Snr. Marechal, que até nova Ordem todos os Soldados, como trabalhadores, só recebão dous vinténs cada hum por dia; e que os Artífices, taes como Pedreiros, e Carpinteiros, só recebão quatro vinténs” (OD, 13 de Junho de 1809).
São igualmente ordenadas algumas condenações :
Por ter “insultado com palavras injuriosas” um capitão engenheiro, que lhe tinha dado voz de prisão, e ter fugido, tentando atacar o capitão “com pedradas”, o soldado Joaquim de Matos, da Milícias de Santarém, foi condenado “a trabalhar por espaço de hum mez nas Obras de Fortificação”, em Abrantes.
Também o soldado, José Francisco, da 2ª Companhia dos Granadeiros do Regimento de Infantaria nº 4, por ter “vendido 80 cartuxos, e furtado 50 cartuxeiras” a outro soldados da mesma companhia, foi condenado “a trabalhar por três annos nas Fortificações”.
Um outro soldados, Manoel Aguiar, da 3ª Companhia do Regimento de Infantaria nº23, por ter “desertado em 1806” e por “ter disparado hum tiro contra hum Clerigo de Sande, Comarca de Lamego”, foi condenado a 6 meses de prisão. (OD de 17 de Junho de 1809).
Foi neste clima de paz aparente que decorreu a publicação das Ordens do Dia do mês de Junho de 1809

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Elton John num espectáculo memorável

Foi uma multidão em euforia que ontem recebeu um Elton John bem disposto e que se entregou totalmente à musica.
Com pontualidade britânica, Elton iniciou o espectáculo cinco minutos antes do previsto e só terminou, já passavam cinco minutos da meia-noite.
Se o público estava rendido, o que foi original neste espectáculo, pelo menos em relação à fama excêntrica do músico, foi um Elton John igualmente rendido, humilde, entusiasmado, como quem pisa pela primeira vez um palco, tendo até tempo e disposição para assinar autógrafos a quem se abeirou do palco.
Sem grande aparato, o músico sexagenário entregou-se totalmente à musica e ao seu piano mágico, acompanhado por um lote de músicos maduros e experientes, onde dominou o ritmo frenético, mais rhythm and blue do que rock ou pop.
Passaram por lá os principais êxitos de Elton John, mas muitos deles tocados como se fosse pela primeira vez, com ligeiras nuances que os transformaram em peças musicais de antologia.
Pensamos que este foi um espectáculo memorável, tanto na carreira do músico, como para quem teve o privilégio de estar presente neste concerto histórico.

Elton John num espectáculo memorável





domingo, 28 de junho de 2009

Golpe de Estado nas Honduras

(Fotografia de Orlando Serra, para a Agência France Press, hoje nas Honduras)


O presidente das Honduras, Manuel Zelay, foi detido esta manhã pelos militares do seu país.
O presidente pretendia realizar hoje uma consulta popular que lhe permitisse voltar a candidatar-se, visto que foi eleito em 2006 para um mandato não renovável de quatro anos.
Os militares, o Parlamento e o Tribunal Supremo opunham-se a este referendo, considerado inconstitucional.
Zelay foi eleito pelo conservador partido liberal, mas fez uma viragem à esquerda no início do seu mandato, apoiado internamente por organizações populares e pelos índios do seu país, e externamente por Hugo Chávez.
Forte dispositivo militar cercou a casa do chefe do Estado deposto e foram encerrados os dois principais canais de televisão.
O desenvolvimento deste acontecimento ajudará a perceber se estão de volta à América Latina, nesta época de crise global, as ditaduras militares.

Sócrates contra Sócrates?

(imagem tomada de empréstimo do blog "Portugal dos Piqueninos", um dos mais bem humorados e divertidos da blogosfera portuguesa)


Parece que ontem, no “Fórum Novas Fronteiras” dedicado aos jovens, na sua voragem transformista, José Sócrates acusou a “direita” de pretender “eliminar aquilo que foram as políticas de modernização que introduzimos nos país”(?) e tencionar “retroceder nas políticas sociais em nome daquilo que é o velho chavão ideológico da direita portuguesa, a ideia do Estado mínimo, a ideia em que qualquer área que o Estado se meta é um empecilho, um fardo” (sic).
Então não foi isso que este governo, chefiado pelo mesmo José Sócrates, andou a fazer e a apregoar nestes últimos quatro e penosos anos, na Educação, na Saúde, na Segurança Social, no Trabalho, na Justiça e na Função Pública?.
Se calhar, como estava a falar para jovens, pensa que as suas políticas na educação já estão a dar resultado, tomando-os a todos por estúpidos e desatentos da realidade!

Gravuras Antigas da "Illustração Portugueza" - 10 - Ponte sobre o rio Lima, em Viana do Castelo


Na sua edição de 20 de Outubro de 1884, publicava “A Illustração Portugueza” uma gravura da ponte de caminho-de-ferro que atravessava o rio Lima, junto a Viana do Castelo.
Na apresentação dessa gravura, refere-se a sua inauguração em 30 de Junho de 1878, “em presença do sr. Presidente do conselho de ministros, Fontes Pereira de Mello”, que se efectuou “com grande pompa e no meio das maiores manifestações de regozijo”.
A ponte foi projectada por Gustave Eiffel e pelo seu colaborador Théophile Seyrig, para substituir uma antiga e perigosa ponte de madeira, inaugurada em 1819.
Aquela ponte era formada por “uma via superior, e outra para os comboyos. O seu taboleiro conta 563 metros de comprimento”, sendo um dos símbolos da chamada arquitectura do ferro em Portugal.
Recentemente, entre 2006 e 2007, sofreu profundas obras de recuperação.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Grande exposição da pintura modernista a partir de hoje em Bilbau







(Fonte: El País)

Grande exposição da pintura modernista a partir de hoje em Bilbau


Abre hoje ao público, no Museu Guggenheim de Bilbau, a exposição intitulada “Do Privado ao Público – as colecções Guggenheim”, com as obras mais importantes das seis colecções que deram origem à casa mãe de Nova Iorque e outras trinta obras doadas a este museu em 2001 pela Fundação Bohen.
Criado pela Fundação Solomon R. Guggenheim em 1937, o museu nova-iorquino, cuja sede foi desenhado por Frank Lloyd Wright, dedicou-se a coleccionar obras do movimento modernista das primeiras décadas do século XX, sendo por isso inicialmente intitulado de museu neo-objectivista, exibindo a arte vanguardista da época, como as obras de Kandinsky e Mondrian.
Com o tempo integrou outras obras e doações, atravessando toda a história da arte do século XX até aos nossos dias.
Jackson Pollok é um dos artistas que foi bastante protegido pelo mecenato desse museu, beneficiando da protecção da herdeira, sobrinha do fundador, Peggy Guggenheim.
A colecção, a partir de hoje exibida em Bilbau, inclui obras de Kandinsky, Picasso, Juan Gris, Mondrian, Leger, Metzinger e Delaunay, Modigliani e Chagall, mas também obras dos impressionistas novecentistas, precursores do modernismo do século XX, Cézanne, Gaugin, Manet, Van Gogh e Seurat.
Para a comissária da mostra, Tracey Bashkoff, as colecções apresentadas, com origem em galeristas com gostos distintos, mas unidos pelo seu sentido visionário, pois todos compravam aquilo que chamavam “a arte de amanhã”, permitem fazer uma leitura da arte moderna desde a sua origem até ao início do século XXI.
A exposição, agora ao alcance do público ibérico, pretende dar, segundo os seus responsáveis, “uma imagem de que a grande colecção”, do museu de Nova Iorque, tem um fio condutor e de união que permite “uma leitura transversal” da arte moderna.

(fonte: EFE e El País)

Ray Lema - o homem e o piano


Um homem e um piano.
Um homem africano, formado no ocidente em musica clássica, tocando magistralmente e um piano, instrumento típico da musica ocidental, ganhando uma sonoridade tipicamente africana.
Foi assim ontem, no Centro Cultural de Belém, com Ray Lema, que respondeu deste modo ao desafio da “Incubadora d’Artes” para realizar um concerto de homenagem a Ali Farka Touré, musico africano falecido há três anos.
A voz profundamente africana de Ray Lema, acompanhada pela sua virtualidade como pianista, transformando e misturando o som clássico deste instrumento com o irrequieto ritmo dos sons de África, em constante e intimista diálogo com um público colaborante e rendido, fez deste espectáculo o “melhor concerto do mundo” prometido pelo músico.
Nascido no Congo, onde entrou para um seminário com 11 anos, decidido a tornar-se padre, aí descobriu o piano e a musica de Mozart, Bach e o canto gregoriano.
As sua qualidade musicais levaram-no a integrar grandes grupos e orquestras do seu país, integrando nos anos 70 um grupo de musica rock, os Yss Boys.
Abandonando esse grupo, parte para percorrer o seu país num trabalho de recolha da musica tradicional do Congo.
Em 1974 é convidado para formar e dirigir o Ballet Nacional do Zaire. Com esse objectivo percorre o país à procura de dançarinos e músicos, criando um ballet com cerca de uma centena de artistas.
Convidado pela Fundação Rockfeller, parte para os Estados Unidos em 1979, onde grava o seu primeiro disco, “Koteja”, para se instalar definitivamente em França em 1982.
Em França forma o grupo CARMA (“Central Africa Rock Machine”), com músicos de várias origens, onde mistura os ritmos da rumba, do rock, do reggae e tradicionais.
É nos anos 80 que edita um álbum em colaboração como o antigo baterista dos The Police, Stewart Copeland. Desta colaboração resultam alguns temas para a banda sonora do filme “Os Marginais” de Francis Ford Coppola.
O meu primeiro contacto com a musica de Ray Lema deriva deste mesmo trabalho, quando, nos anos 80, comprei um single em vinil com alguns dos temas desse filme.
Ao longo dos anos tenho procurado adquirir outros trabalhos de Ray Lema, tendo esbarrado sempre com a falta de informação generalizada sobre a sua obra e a sua existência.
De qualquer modo, foi esse pequeno single que me levou a ouvir com mais atenção a musica de origem africana, uma das mais originais e criativas da World Music.
Em França Ray Lema edita diversos trabalhos, em colaboração com vários músicos africanos, europeus e latino americano, explorando a fusão do Jazz como o Rock e a musica tradicional africana.
Uma das suas fases mais criativas foi a colaboração como o professor Stefanov, mestre da arte vocal búlgara, compondo um álbum como os famosos cantores das “Vozes Bulgaras”.
Em 1997 escreve uma ópera para uma orquestra de 30 músicos, inspirada na natureza africana, que foi escolhida para a abertura do Festival “Rock in Rio” em 2001.
Nos primeiros anos deste século, preocupado com a situação do ensino musical no continente africano, com a marginalização dos músicos africanos no mercado mundial, e com o desconhecimento e desinteresse dos jovens africanos pela sua musica, Ray LEMA desenvolveu um projecto com o objectivo de apoiar a transmissão dos conhecimentos dos músicos tradicionais à juventude da diáspora africana, e trazendo à Europa muitos músicos africanos..
Entretanto está previsto um novo álbum para 2010, com o seu novo grupo, o « SAKA SAKA ORCHESTRA » .
Mais informações sobre a sua obra podem ser obtidas no site oficial de Ray Lema:

http://www.raylema.com/

Até Sempre Michael Jackson


Chegado de um memorável concerto de um grande músico negro, Ray Lema, esta noite no Centro Cultural de Belém, fui surpreendido, quando cheguei a casa, com a morte prematura de Michael Jackson.
Não sendo um artista da minha predilecção, foi contudo um músico que marcou a minha geração, deixando-nos, na sua carreira musical irregular, grandes temas que nos acompanharão para sempre.
Só me resta desejar que Michael Jackson encontre agora a juventude eterna, visto que em mito já ele se tornou.
Até sempre Michael Jackson.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Um Dia Histórico para a Fotografia Ibérica


É hoje que a prestigiada agência Magnum decide se integra nos seus quadros a fotógrafa espanhola García Rodero, autora, entre outras obras, da fabulosa “España Oculta”(o blog e o site da Magnum podem ser vistos a partir da barra lateral).
A decisão será o culminar de quatro anos de um exigente processo de candidatura àquela agência.
Cristina García Rodero nasceu em 14 de Outubro de 1949 em Puertollano, e é uma das fotografas mais prestigiadas do país vizinho.
O processo de admissão terá lugar hoje, através da análise, por parte de fotógrafos da Magnum, do seu trabalho exposto em Londres, seguindo-se uma votação secreta que decidirá da sua adesão.
Intitula-se esta exposição “Entre o céu e a terra”, onde se condensa toda a sua obra num conjunto de 109 fotografias.
Segundo o El País, essa exposição “agrupa diversas abordagens das dualidades e contradições do ser humano: o espiritual e o carnal, o religioso e o pagão, o natural e o sobrenatural, a vida e a morte, a cidade e o campo, o novo e o velho”, preocupações que já se tinham revelado na sua obra fundamental,” España oculta”, que reúne “um conjunto de imagens sobre a idiossincrasia religiosa espanhola.
García Rodero formou-se em Belas Artes na Universidade Complutense de Madrid no final dos anos 60, voltando a essa universidade para leccionar, entre 1983 e 2005, aulas de fotografia.
Poucos alunos conheciam o valor da obra da sua professora, uma pessoa humilde, que fotografava ao domingo, percorrendo, num carro pequeno, caminhos desconhecidos que levavam a pequenas aldeias, dormindo no carro quando era preciso
A sua obra saiu do anonimato quando foi premida, em 1993, pela World Press Photo.
Segundo o El País, García Rodero é “uma mulher de aspecto humilde”, o que lhe permite passar quase despercebida, conseguindo assim uma maior autenticidade quando fotografa.
García Rodero “espera que a agência, que lhe parecia inacessível até há pouco, a ajude a continuar a aprender”, afirmando, na sua humildade, que quer “estar entre sábios” para discutir com eles o “ofício”.
À beira de festejar o seu 60º aniversário, deseja que a Magnum lhe permita trabalhar até muito tarde, na sua velhice.

García Rodero - um dia histórico para a fotografia Ibérica





quarta-feira, 24 de junho de 2009

Ordens do Dia de Beresford (3) - Maio de 1809


Ao longo do mês de Maio o conteúdo da maior parte das Ordens do Dia (OD) continua a revelar uma forte preocupação com a indisciplina que grassava no Exército Português sob o seu comando, agravada por hábitos seculares que os soldados traziam para as fileiras do Exército.
Um dos actos de indisciplina mais gravosos foi protagonizado pela Brigada do Algarve.
Enaltecendo a conduta da maior parte do exército nos combates contra o inimigo, o marechal não deixou de contrastar essa atitude com a dessa Brigada do Algarve, composta pelos regimentos nº 2 e nº14, os quais, depois de Amarante, “á medida que se aproximavão ao inimigo, era menor o seu desejo de avançar, e hontem não fazião mais do que demorar a Brigada da retaguarda, e impedila de avançar”.
Como castigo ordenou que “até nova determinação em toda a parte, onde se achar esta Brigada, a facha marchar todos os dias que chover a duas legoas do seu Quartel, e voltar para o mesmo Quartel, não permittindo aos Soldados nestas marchas, que se cubrão com os seus capotes”. E porque o Marechal “não póde pôr huma grande confiança em Soldados, que não sómente temem molharem-se, mas que absolutamente não se atrevem a expor-se a isto”, estes dois regimentos não serão “mandados contra o inimigo”.
Contudo o Marechal “faz a justiça de dizer, que em quanto fazia, Sol, elles mostravão bastante ardor para se medirem com o inimigo” (OD, 21 de Maio 1809).
Ou seja, a recusa em combater por parte daquela Brigada não se devia a qualquer acto de cobardia, mas ao facto de não querer combater com chuva e mau tempo!
O costume de atrasar a marcha parece que estava bem arreigado entre as tropas, como o revela uma outra ordem: “tendo observado que nas Tropas Portuguezas hum grande número de indivíduos se atrazão ás marchas, sendo sem dúvida a causa hum máo habito, e negligencia dos Officiaes: Ordena, que a todo o individuo, que se atrazar á marcha do seu respectivo Corpo, sem ser por moléstia, ou outro motivo legitimo, lhe seja descontado o soldo daquelle dia, em que se atrazar á marcha, bem como de todos os mais dias, que estiver sem se apresentar no seu Corpo” (OD, 20 de Maio de 1809).
Será mesmo estabelecido um horário para a marcha: “no Verão a hora da partida das Tropas, que houverem de marchar, seja sempre às quatro horas precisas da manhã, para que chegando ao lugar onde hão de pernoitar, se faça de tarde a revista do armamento; e em caso algum deve o Soldado deitar-se, sem que se tenha conhecido se o armamento está em bom estado” (OD , 1 de Maio de 1809).
A conservação do armamento era outra preocupação revelada em diversas Ordens do Dia.
Numa delas recomendava-se aos “Sr.es Officiaes, que empreguem todos os meios possíveis para que os Soldados conservem as suas Armas em bom estado” ordenando “ que se a pezar de todas as medidas, acontecer que appareção Armas quebradas, estas se consertem immediatamente à custa dos Soldados, que as tiverem quebrado”, ordenando assim “que por cada cartuxo, que achar falto ou arruinado, se desconte ao Soldados 70 réis” (OD 6 de Maio de 1809).
Também se ordenou aos “ Commandantes das Brigadas, e dos Corpos terão cuidado de não consentir, que soldado nenhum ponha a sua arma em algum carro, ou besta, a não ser que esteja por causa de moléstia absolutamente impossibilitado de a levar, porque aquelle costume he a causa de haverem tantas armas quebradas” (OD 8 de Maio de 1809).
“O Marechal também observou Cabos demasiadamente moços em alguns Regimentos, e alguns mesmo crianças, ignorando as suas obrigações como Soldados” (OD 8 de Maio 1809)
Beresford mostrou-se igualmente “supp rendido (sic)” ao tomar conhecimento que “Officiaes, e mesmo Soldados nas marchas tomam dos Magistrados , e d’outras pessoas palha, e feno, grão e mais espécies de rações, e impedem a distribuição regular destes Artigos: em consequência prohibe em primeiro lugar, que se tomem, ou peção etapas, eforragens por outro canal, que não seja o Commissario annexado á Brigada,ou Divisão. (…) Prohibe também o Marechal,que daqui em diante os Officiaes, ou qualquer outros indivíduos (…), recebão individualmente as suas etapas, e forragens de qualquer outro modo, que não seja por via do seu Quartel-Mestre, ou Official (…). O Marechal faz saber ao Exercito, que todo o individuo, qualquer que elle seja, que for convencido de ter recebido mais viveres, e forragens do que lhe pertencem, será considerado como indigno, e será no mesmo instante punido, ou inforcado, segundo a gravidade do caso” (OD 12 de Maio de 1809).
O mesmo hábito de saquear as populações indefesas, era referido noutra OD, onde refere que “tem tido queixas de que as Tropas tomão arbitrariamente sobre a marcha carros, cavallos, machos, e outras bestas; mas elle mesmo tem sido testemunha disto, e sabe bem os abusos, e vexames, que soffrem os Paizanos, durante a marcha das Tropas; e para remediar, e pôr fim a hum procedimento tão indigno, que impede o acharem-se carros, e bestas, quando” é verdadeiramente necessário, que nenhum oficial ou soldado “tome no caminho carros, bestas ou forragens”. Quando necessário, tais artigos devem ser pedidos com “justa causa”. (OD,26 de Maio d 1809).
Para disciplinar o acesso das tropas ao alimento, um bem precioso em época de guerra, estabeleceu que o “ pão, que se dá aos Soldados, deve ser de trigo, quando se poder achar; e quando não for possível, será da melhor qualidade de farinha, depois da de trigo; mais em caso nenhum se deverá dar mais de arrátel e meio, seja o pão da qualidade que for, poisque aquella porção he quanto elles podem precisar; e o dar mais, será hum desperdício muito prejudicial, por consumir os meios de qualquer Paiz, em que possa haver muita Tropa” (OD 8 de Maio 1809).
Quase em desespero de causa, Beresford queixava-se de que “até ao presente só tem ouvido desculpas de ignorância, e de má percepção a respeito de todas as faltas, que tem achado; elle declara, que não as admittirá mais” (OD de 12 de Maio de 1809).
Ainda nesse mês, a OD de 5 de Maio dá a conhecer a carta régia de 29 de Abril que confere a Arthur Wellesley o cargo de “Marechal General” do exército português, mantendo-se o comando na pessoa de Beresford.

terça-feira, 23 de junho de 2009

A Arte do Cineclubismo - 18 - Centro de Estudos Cinematográficos de Coimbra.

A cidade de Coimbra foi um dos centros mais activos do cineclubismo português do pós-guerra.
Logo em 1946 era fundado o Círculo de Cultura Cinematográfica de Coimbra, considerado um dos primeiros cineclubes portugueses, sendo fundado, em 1949, o Clube de Cinema de Coimbra.
Por sua vez, surge nos anos 50 0 Centro de Estudos Cinematográficos, ao que julgamos ligado aos estudantes da Universidade de Coimbra.
É desta última associação que apresentamos um conjunto de belas xilogravuras,todas da autoria de António Pimentel (Tópi), datadas de 1959.



"798 Art District"

O “798 Art District” ocupa uma área com cerca de 20.000 m2, onde se instalaram 50 galerias de arte contemporânea, cafés e restaurantes, lojas alternativas, livrarias especializadas, ateliers onde trabalham e habitam cerca de 300 artistas. Aí existe também um espaço multiusos onde se divulgam várias propostas vanguardistas na área da dança, do teatro e da música.
Este espaço foi classificado pela revista “Time” como um dos 22 bairros urbanos com maior importância cultural, em todo o mundo.
Não estamos a falar de um bairro de Nova Iorque ou de Chicago, de Paris ou Londres, de Berlim ou Praga.
O “798 Art District”, situa-se surpreendentemente, num subúrbio da cidade de …Pequim, sendo actualmente o principal bairro artístico desta cidade.
Foi fundado em 2002, sobre as ruínas do complexo da antiga fábrica de produtos electrónicos, a “798 Dashanzi”, obra projectada pela antiga RDA, ao estilo Bauhaus, construída na década de 50.
Incluía as habitações dos cerca de 20 mil operários que aí trabalhavam, as cantina, quatro caldeiras, clubes literários e campo de futebol, uma sala onde a orquestra ensaiava hinos patrióticos maoistas e realizava concertos de música clássica para entreter a “classe operária” nas horas vagas.
A única “arte” visível e permitida nas paredes desses edifícios eram os grandes murais de propaganda maoista, alguns dos quais ainda são visíveis no espaço actual.
Desmantelada nos anos 90, o espaço foi escolhido pela Academia Central de Arte da China par instalar a sua sede.
Os artistas do novo centro cultural pediram aos projectistas para manterem elementos da antiga fábrica, o que permitiu que o “798 Art District” mantivesse o contraste entre as ruínas do passado e um presente que procura revelar ao mundo toda a modernidade artística da “nova” China.
Apesar da aparente liberdade criativa dos artistas desse espaço, não se encontram aí quaisquer referências a Tienanmen, aos protesto dos monges budistas do ano passado, ou qualquer crítica ao regime actual.
Contudo, este não deixa de ser um dos espaços urbanos mais criativos e vanguardistas deste princípio do novo século.

(texto elaborado a partir de uma reportagem de Isabel Garcia, na edição on-line do El Mundo de 16 de Junho último. As fotografias usadas foram retiradas do arquivo da Google)

"798 Art District"




"798 Art District"





"798 Art District"